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O ENDIVIDAMENTO SOCIAL E A CRISE ECONÔMICA

“Para todo problema existe uma razão e para combater o problema é necessário ir até a razão”. Embasado na frase podemos desenvolver raciocínios lógicos que direcionam à crise que já se faz instalada no Brasil. Muitos enxergam a economia como uma ciência complexa, mas, na verdade, quando se analisa variáveis do campo e a formatação estrutural da economia de um país é passível chegar a conclusões macros que escancaram à ótica das “razões”.

Não há como consolidar uma economia sem planejamento. Com ausência de planejamento até é passível advir eventuais êxitos temporais econômicos e até a aparente imagem de fortalecimento, mas, na verdade, isso não passa de uma suposta e irreal sustentação. Exatamente isso que ocorreu no Brasil nos anos em que muitos o viam economicamente consistente, robusto e dificilmente abalável. O período de crescimento pelo qual passamos foi resultante do alto volume de moedas em circulação no mercado, fato esse economicamente excepcional para o desenvolvimento. Entretanto, do contexto posto, advém a mente: mas de que forma os brasileiros começaram a dispor de mais moedas para adquirirem bens e serviços em alta escala e, assim, fazerem a circulação atingir números elevadíssimos? Os brasileiros ficaram mais ricos? A resposta é notória: não. O que se deu foi um processo de gestão pública mentalizada na linha de que a facilitação do acesso ao crédito, a dilatação dos prazos de financiamentos e inúmeras outras vertentes, incrementariam as vendas e, por consequência, o aquecimento da economia seria eminente. Adicionada a essa visão o fato dos brasileiros serem dotados de elevados espírito consumistas, até por tradição.

Na euforia desse crescimento poucos se atentavam ao seu efeito colateral: o significativo aumento do nível de endividamento dos brasileiros. Chegamos hoje à condição de termos 54% das famílias do país endividadas e Santa Catarina não é exceção, pelo contrário, o quantitativo atinge a margem de 56%. Mais especificamente em Florianópolis o grau de endividamento atinge 58% das famílias, fato que coloca nossa capital dentre as líderes no quesito, comparativamente com as demais. No instante que se atinge o ponto crucial (momento que vem a tona a literal observância do endividamento) sobressai duas opções às famílias: o pagamento das prestações dos bens adquiridos há muito tempo, alguns até mesmo já sucateados face ao longínquo período temporal dos financiamentos, ou, então, a aquisição de produtos básicos à subsistência. A opção é óbvia e não merece delongas a respeito.

Deu-se, então, início a uma gigantesca cadeia de redução de gastos e de inadimplências, fatores geradores da queda do processo circulatório. Não é difícil entender: Com a diminuição do poder de compra, o brasileiro consome menos; com a diminuição do consumo as empresas vendem menos e, em decorrência disso, a queda da produção industrial é inevitável; menor venda e queda na produção acarreta demissões e menor arrecadação tributária por parte do governo. Esses fatores somados impactam na qualidade de vida social.

Visualizada a “razão”, o combate ao problema passa por três etapas: 1. Na reeducação, para não dizer educação, orçamentária e financeira das famílias; 2. Na oferta imediata de orientações para os que se enquadram dentro da condição de endividamento saiam dessa situação da forma mais amena possível e 3. – Um planejamento econômico do governo a médio e longo prazos à estruturação de uma economia com cravação de estacas efetivamente sólidas.

 Luiz Henrique Belloni Faria, Presidente da Ordem dos Economistas de Santa Catarina – OESC

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