Blog do Prisco
Coluna do dia

Remédio amargo

Com o país quebrado, Michel Temer e Henrique Meirelles anunciaram as primeiras medidas para tentar fazer o paciente voltar a respirar sem aparelhos no médio prazo. Em 2017, para os mais otimistas. O remédio, como não poderia ser diferente, é amargo. Mas não é ácido. Ao propor a instituição de um teto para os gastos públicos, limitado à inflação do exercício (ano) anterior, o que não permitirá aumentos reais de gastos, coibindo a farra que o PT fez, setores como Saúde e Educação serão atingidos em cheio. Assim como as demais áreas. Duro. Porém, necessário.

Faz todo sentido. Se reduzirmos esse quadro a uma família brasileira, seria mais ou menos como sair do plano de saúde privado – o que muitas estão fazendo – para usar a estrutura do SUS.

A ideia ganhou roupagem de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que será enviada ao Congresso. Meirelles fez questão de frisar que não se trata de uma medida pontual. Trata-se de ação de controle de despesas para os próximos anos. Isto numa ponta. Na outra, o governo precisará administrar com maestria a dívida pública, que se aproxima de patamares alarmantes. Enquanto as propostas eram anunciadas, a revisão do abismo fiscal (chamado ludicamente de meta fiscal) começa a ser apreciada no Congresso. Era chegada a hora da verdade!

 

Semântica

No Orçamento para 2016, enviado por Dilma e cia ao Congresso, consta uma “meta” de superávit (fazer sobrar) de R$ 24 bilhões. Pilhéria. O próprio (des) governo anterior revisou a conta para o rombo de R$ 96 bilhões (ficar devendo). Já devidamente revisado para a bagatela de R$ 170,5 bilhões pela gestão interina. Se nessa contabilidade entrar a cratera da Eletrobrás – R$ 40 bilhões – teremos um abismo sem fim de R$ 200 bilhões. Incrível é ver pessoas tidas como esclarecidas fazendo uma defesa bovina do PT e asseclas enquanto governo!

 

Carochinha

No mundo da fantasia de Dilma, no qual ela costumava se encastelar, a arrecadação federal apresentaria um crescimento de 9%. Na verdade, ocorrerá é uma queda de 8%.

 

Agilidade

Embora não devesse ter nomeado Romero Jucá, Michel Temer agiu com rapidez no caso do contaminado senador. Talvez tenha sido uma estratégia de grande risco. Agora, Jucá não poderá dizer que foi ignorado e comprovou-se que ele não reunia as menores condições para o cargo de ministro do Planejamento.

 

Histórico

Sob Lula, Jucá, que também havia sido ministro de FHC, durou um mês. Foi torpedeado por denúncias e caiu. Sob Temer, resistiu por 12 dias! Ah, sim, Romero Jucá é articulado e conhece todos os caminhos do Congresso. Nesta ótica, fará falta ao presidente interino.

 

Recado

A queda de Jucá é um recado claro a Michel Temer. Ninguém tem condições de opor à Lava Jato. O governo precisa apoiar a operação, apreciada pela esmagadora maioria da população, que clama pela assepsia no meio. Se o presidente não tiver o respaldo popular, não conseguirá aprovar, via Parlamento, as medidas duríssimas que se impõem ao Brasil. Portanto, Temer, fique, se puder, ao lado da Lava Jato.

 

Boa notícia

Temer e Meirelles acertam em cheio ao não anunciar o desejo de aumentar impostos agora. É preciso aquecer a economia para as perspectivas mudarem do vetor negativo para o positivo. E também porque já é brutal a carga tributária tupiniquim.