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SEM REFORMA FISCAL VAI TER ALTA DA INFLAÇÃO OU DA CARGA TRIBUTÁRIA

Previdência é a espinha dorsal do ajuste fiscal, disse a economista Zeina Latif, durante reunião de diretoria da FIESC

“Se não avançarmos no ajuste fiscal, vai ter aumento da inflação ou da carga tributária”, afirmou a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, durante reunião de diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), em Florianópolis. “Previdência é a espinha dorsal do ajuste fiscal. Em 2017, com orçamento deficitário de R$ 159 bilhões, 57% das despesas são com previdência e isso vai para quase 80% em dez anos. Antes disso, o Brasil virou Rio de Janeiro, já no próximo mandato presidencial”, alertou.

“É uma clara mensagem. Os desafios são grandes, mas o cenário é promissor. O Brasil avança e se realmente conseguirmos no ano que vem eleger um presidente que deseje terminar o processo de reformas e modernização da nossa economia, certamente vamos retomar níveis sustentáveis de crescimento”, afirmou o presidente da FIESC, Glauco José Côrte.

Economista Zeina Latif durante apresentação na reunião de diretoria da FIESC (foto: Fernando Willadino)
Economista Zeina Latif durante apresentação na reunião de diretoria da FIESC (foto: Fernando Willadino)

Segundo Zeina, o País está nos trilhos novamente e não pode descuidar da agenda fiscal que foi iniciada, mas tem muito a ser feito. “O crescimento da dívida pública pode ser lá na frente um combustível para a inflação. Então é importante conter esse crescimento. Estamos falando de um ajuste fiscal de 3,5% do PIB. Nunca fizemos ajuste desse tamanho. Não é fácil, mas se não avançar, vamos ter que fazer a escolha de Sofia: ou vai ser a inflação ou aumento da carga tributária”, explicou.

A economista informou que o Brasil dispõe de uma regra constitucional que não permite a emissão de dívida pública para pagar gastos correntes (como previdência, saúde e educação, etc.). Então, resta o aumento da carga tributária. Contudo, ela ressaltou que a sociedade não aceita mais isso e citou como exemplo dessa contestação as manifestações ocorridas no auge da crise. “Não tem conversa populista ano que vem”, disse, referindo-se às eleições. “Acabou o dinheiro. Acho que a classe política faz o ajuste. A questão é discutir quem terá o maior time para isso. Mesmo que ganhe um outsider, se ele tiver time político e bom articulador, a vida segue. Mas as reformas precisam ser feitas”, enfatizou. A economista disse ainda que essa regra constitucional é de ouro, pois esta geração não pode deixar a fatura para a próxima.

Ela também chamou a atenção para a perda do bônus demográfico, que acaba em 2022, o que gera mais um impacto na previdência. “Em 2030 teremos encolhimento da população em idade ativa. Se são menos pessoas para segurar o piano, cada uma delas terá que ser mais produtiva. Temos que correr e cuidar também da educação. Quando falamos em recuperar produtividade, estamos falando do capital humano também”, concluiu Zeina.