No Brasil, a água é consumida como se fosse um recurso infinito e não se divide a responsabilidade de racionalizar e usá-lo com eficiência. O resultado está nas crises de abastecimento dos estados, que ainda tentam avançar no saneamento básico.
Na semana do Dia Mundial da Água, quando o País sedia o fórum mundial para tratar do tema, é preciso jogar luz sobre o tema e ter coragem para enfrentar esses desafios no Brasil e em Santa Catarina. Nosso Estado tem trabalhado para superar essas questões, mas ainda não universalizou os serviços.
Segundo o Instituto Trata Brasil, 35 milhões de brasileiros não tem acesso à água tratada. Outro dado alarmante é que apenas 50,3% da população nacional dispõe de coleta de esgoto, o que é uma ameaça aos mananciais.
O uso irresponsável, sem planejamento e gestão leva diferentes regiões do planeta a sofrer problemas que comprometem, inclusive, o setor produtivo. A situação é grave, quando consideramos os seus diferentes usos, como abastecimento público, produção de bens, irrigação e abastecimento de animais. Sem esquecer do turismo, também afetado.
Então fica claro que esse é um problema social, que afeta a dignidade das famílias e se revela nocivo para desenvolvimento econômico.
Por isso precisamos trabalhar para que governos façam a gestão integrada deste recurso, como prega o Estatuto das Metrópoles.
A proposta, que relatamos no Congresso Nacional, foi um grande avanço no sentido de proporcionar capacidade de planejamento e gestão regional. Afinal, mais da metade da população brasileira vive em regiões metropolitanas e é inimaginável que os prefeitos lavem as mãos diante do compromisso de proteger este patrimônio.
No Planalto Norte, um exemplo de sucesso nessa direção foi a criação do Consórcio Intermunicipal Quiriri, o primeiro do Brasil, que envolve Campo Alegre, Corupá, Rio Negrinho e São Bento do Sul. A entidade, que ajudamos a fundar, estimula a preservação dos mananciais e o pagamento aos agricultores pelo serviço ambiental prestado, atuando também no cuidado com os resíduos sólidos.
O consórcio, que completou 20 anos em 2017, é uma prova de que é possível mobilizar todos nessa luta pelo uso sustentável da água e o futuro promissor das próximas gerações.
Mauro Mariani, Deputado federal