Coluna do dia

Os mesmos líderes de sempre

Os mesmos líderes de sempre

Não é incomum ouvir a pergunta: por que que não temos a renovação na política nacional e na política estadual? Isso é um pouco resultado de 1964, desaguando na Nova República. O coronelismo foi uma marca desses períodos históricos. O voto de cabresto é algo arraigado, especialmente no Nordeste e no Norte do país. Mas tivemos pinceladas coronelistas no Sul, Sudeste e Centro Oeste também.
As marcas ficaram.
Ocorre, no entanto, que não se renovam as lideranças por um motivo principal, também de cunho personalista. Muitos políticos não querem largar o osso. Não penduram as chuteiras. Vamos apreciar especificamente a realidade de Santa Catarina a partir de seis nomes bem conhecidos da política estadual nas últimas décadas.
Três deles estão na perspectiva de efetivamente abandonarem as disputas eleitorais. Mas outros três que têm verdadeira obsessão. Não pelo voto. Obsessão pela relevância, pelo protagonismo que vem a partir das urnas.

Trio

Os três que não chegaram ao governo de SC, mas se recolheram.
1. Paulo Bauer. Foi deputado federal, deputado estadual, senador, vice-governador, secretário de Estado da Educação, dirigente de empresa pública (Erusc). É um político filho de político, Victor Bauer, que foi prefeito de Jaraguá do Sul.
Por muito pouco, ele não chegou ao governo do estado. Na reeleição de Raimundo Colombo em 2014, quando Aécio Neves fez uma avalanche de votos aqui, faltou uma migalha para o tucano local provocar o segundo turno.

Fio

Se isso tivesse ocorrido, Bauer derrotaria Raimundo Colombo com facilidade em 2014. Colombo se reelegeu por 1,5% dos votos. Foi no limite. Paulo Bauer tinha todos esses votos? Não, mas foi alavancado por seu correligionário do PSDB, Aécio Neves, candidato a presidente naquela disputa.

Iniciativa privada

Paulo Bauer está em atividade empresarial e até segunda ordem não deseja voltar à vida pública.

Emedebista

Reação semelhante teve outro líder.
2. Mauro Mariani, quando não chegou ao segundo turno na disputa pelo governo. Filiado ao MDB, em 2018 ele não carimbou o passaporte para o turno fatal do pleito, que reuniu Moisés da Silva e Gelson Merisio. O ex-governador só chegou lá embalado que foi pela onda Bolsonaro. Sem ela, o turno decisivo teria sido entre Merisio e Mauro Mariani.

Voltando?

Mariani foi lembrado por Jorginho Mello para ser diretor do BRDE. Já assumiu. O emedebista presidia a seção estadual da legenda e seria o candidato a governador quando assegurou vaga para que o atual governador disputasse o Senado em 2018, fazendo dobradinha com o próprio Paulo Bauer.

Palavra

Mauro Marinai também garantiu, e cumpriu, que o MDB não lançaria candidato ao Senado naquele pleito.

Na ativa

No mesmo contexto podemos incluir um terceiro nome.
3. Dário Berger, que foi duas vezes prefeito de São José, pilotou a Capital também por duas oportunidades, foi senador e perdeu a reeleição no ano passado. Nada mais natural que ele possa disputar em uma das duas cidades que já administrou.

Ou mesmo concorrer novamente à Câmara Alta caso o mandato de Jorge Seif seja cassado e haja eleição suplementar. Problema zero.

Tripé

Na outra extremidade, temos três personalidades que deveriam pendurar as chuteiras.
1. Raimundo Colombo. Foi três vezes prefeito de Lages, presidente da Celesc, presidente da Casan, secretário do Bem-Estar Social, deputado estadual, federal, senador, duas vezes governador; perdeu as duas últimas para o Senado e está querendo ser senador novamente? Alto lá, companheiro. Há um tempo pra tudo nessa vida!

Dupla

Mais dois casos. Estes não foram eleitos governadores, mas cumpriram mandatos-tampões sob a força eleitoral de Luiz Henrique da Silveira.
2. Leonel Pavan ainda teve uma carreira bem sucedida nas urnas. Foi três vezes prefeito de Balneário Camboriú, deputado federal, senador, vice-governador e cumpriu 10 meses como governador-tampão.

3. Eduardo Moreira. Já este, não. Elegeu-se deputado federal na Constituinte lá em 1988. Foi uma vez prefeito de Criciúma. Elegeu Paulo Meller como sucessor e nunca mais se meteu na maior cidade do Sul, tamanho o desgaste que acumulou. Elegeu-se prefeito, registre-se, apoiado pelo ex-cunhado, o saudososo empresário Realdo Guglielmi, a quem ele traiu. Realdo também foi o responsável pela sua eleição como constituinte.

Surfista

De resto, Eduardo Moreira foi só na carona. Foi duas vezes vice-governador, condições que lhe proporcionam cumprir dois mandatos-tampões como chefe do Executivo. E só. Sua história é marcada pela falta de votos. Agora ele solta balões de ensaio a respeito da eleição municipal do ano que vem. Muito difícil que ele se candidate. Caso se sujeite a concorrer, virão à tona situações do arco da velha. A conferir.

 

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