Presidente da ACM – Associação Catarinense de Medicina
O Dia do Trabalhador tem motivos especiais de reflexão em 2020, como tudo à volta num mundo que enfrenta uma pandemia em plena era da tecnologia e do conhecimento. Primeiro porque é momento de homenagear e reconhecer ainda mais e uma vez mais os trabalhadores da Saúde, os médicos e todos os profissionais que estão envolvidos no heroico atendimento diário dos pacientes. Depois porque a crise do novo coronavírus deixa sequelas também na economia, no mercado de trabalho, no índice de desemprego e no próprio avanço social.
Por isso, ao mesmo tempo que é indispensável pedir que a população fique em casa e respeite todas as medidas de isolamento e convívio responsável, é também momento de avaliar a importância da saúde caminhar ao lado do desenvolvimento para que possa suprir a assistência dos recursos necessários para salvar vidas. A Covid-19 deixou exposta a ferida das deficiências da rede hospitalar brasileira, antiga conhecida e razão de muitos embates. Além disso, estamos descobrindo com um custo muito alto o preço do descuido cotidiano com a estrutura da saúde.
Respiradores, leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), insumos e medicamentos, profissionais especializados para o atendimento dependem de recursos, precisam de um financiamento adequado e cuidadoso. A medicina depende do desenvolvimento econômico para progredir, seja para gerar riqueza para consumir a medicina privada, seja para gerar tributos para financiar a medicina pública.
O trabalhador é uma das molas propulsoras dessa grande engrenagem. Portanto, muito mais do que uma postura política e ideológica, é fundamental que se valorize o trabalho e as mãos de quem o executa, gerando riqueza. Isso se faz, principalmente protegendo sua saúde e a de suas famílias, fazendo mais uma vez girar o círculo virtuoso que move a qualidade de vida e o desenvolvimento.
Em tempos de pandemia, nada pode ser mais importante do que ampliar e colaborar com esse debate.
