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22 de março – Dia Mundial da Água

A importância de gerenciar os múltiplos usos deste recurso essencial é defendida pela ABRHidro – Associação Brasileira de Recursos Hídricos

O Brasil concentra 12% de toda a água doce disponível no mundo, uma das maiores reservas hídricas do Planeta. Esta abundância, no entanto, está concentrada em áreas pouco habitadas, o que não impede as crises de abastecimento de água cada vez mais frequentes no País. A ABRHidro – Associação Brasileiras de Recursos Hídricos, em sua manifestação sobre o Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, alerta para a necessidade de enfrentar as grandes ameaças a esse recurso essencial à vida: degradação da qualidade, reservação insuficiente e gestão ineficaz.

O professor Adilson Pinheiro, presidente da ABRHidro, destaca que o acesso à água é fundamental ao desenvolvimento social e econômico do País. “Trata-se de uma substância vital a todos e um insumo fundamental ao setor produtivo. Por isso há necessidade de garantir sua qualidade e aprimorar a gestão para os seus diversos usos”. Como é um produto limitado, com locais e períodos de maior oferta, na opinião do especialista, é preciso reservar e administrar seus usos para evitar as crises hídricas, distribuindo a água disponível entre os diferentes usuários de forma adequada.

Hoje, no Brasil, a distribuição da água entre os múltiplos usuários ainda se faz forma pouco eficiente. A mesma quantidade usada para a geração de energia em períodos de pico de consumo elétrico, por exemplo, poderia ser direcionada à irrigação em horários de menor uso de eletricidade. “O planejamento também deve considerar as mudanças climáticas, que têm aumentado a frequência e a intensidade de eventos hidrológicos extremos, como as secas e as enchentes”, alerta Pinheiro. Nesses casos, o estoque seguro é o fator que irá regular o abastecimento e os demais usos do produto quando necessário.

Saneamento

No Brasil, a água dos mananciais usados para abastecimento público é comprometida pela ausência de esgotamento sanitário para grande parte da população. Calcula-se que 100 milhões de brasileiros não tenham acesso a serviços de esgotamento sanitário adequado. Para que todos tenham acesso à água potável e ao esgoto coletado e tratado será preciso um investimento estimado de R$ 360 bilhões, de acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico. No entanto, a baixa média de investimento anual no setor projeta esta meta apenas para 2033, na melhor das hipóteses. Até lá, muita água de rios, lagos e reservatórios estará comprometida. Por isso, Pinheiro defende: “Neste momento é importante que uma instituição como a Agência Nacional das Águas (ANA), com expertise técnica, lidere o processo de edição de normas de referência para a regulação dos serviços de saneamento básico, contribuindo para melhoria dos serviços, com a maximização das boas práticas e das iniciativas mais eficazes das agências reguladoras”.

Outro grande desafio é a reservação. Segundo Pinheiro, a disponibilidade da água depende do quanto se guarda. A natureza reserva: as águas das chuvas infiltram no solo de áreas verdes e, quando saturam o local, brotam em nascentes. Na urbanização, ela é descartada. Caso não se guarde a água das chuvas nas cidades, tudo se perde. “Portanto, é fundamental ter muito planejamento, conhecimento técnico e responsabilidade social na gestão deste insumo”, conclui o líder da entidade.

Saiba mais: https://www.abrh.org.br

ABRHidro

Fundada em 1977, a ABRHidro – Associação Brasileira de Recursos Hídricos – é uma associação profissional sem fins lucrativos, que congrega cerca de 2 mil pessoas físicas e jurídicas e dedica-se ao avanço da gestão de recursos hídricos, da pesquisa científica e do apoio ao ensino técnico e universitário. A entidade busca viabilizar a construção de soluções eficientes e sustentáveis no setor em apoio ao desenvolvimento do Brasil.