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Inovação e tecnologia no campo

José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC) – (Foto: Sistema Faesc/Senar-SC).

Caberá ao Brasil um crescente protagonismo no mercado mundial como grande produtor e exportador de alimentos. Essa condição se evidencia em face do crescimento da população mundial e do esgotamento da capacidade de expansão da atividade agrícola e pecuária em algumas regiões do Planeta. Os olhares do mundo se voltam para cá, onde as nossas condições de solo, clima e capital humano asseguram ao País esse papel estratégico. Mas, além desses fatores, são essenciais também a disponibilidade de insumos e o acesso à inovação tecnológica.

Torna-se prioridade, a cada ano, investimentos em atualização tecnológica para o setor primário da economia. A agricultura é uma das áreas da atividade econômica onde surgem, cada vez com maior velocidade, inovações tecnológicas absolutamente sustentáveis que impactam diretamente no aumento da produtividade. E o rol de projetos e produtos é vasto, contemplando o cultivo de lavouras, a criação intensiva ou extensiva de animais, o reflorestamento, a silvicultura, a piscicultura, o extrativismo etc.

Não há dúvida que a atualização tecnológica é base para a sustentabilidade e a produtividade. Em regiões como Santa Catarina, onde predomina uma estrutura minifundista formada por pequenos e produtivos estabelecimentos rurais, o maior desafio é o acesso ao crédito para aquisição de tecnologia, numa primeira etapa, e atualização, em fases posteriores. O aumento do volume de recursos para esse fim e a criação de programas de apoio aos investimentos em tecnologia para pequenos e médios produtores e empresários rurais devem ser políticas públicas permanentes.

A Embrapa, as Universidades, a Epagri e centros privados de pesquisa, além das próprias agroindústrias, estão gerando novos padrões de trabalho e produção com o emprego da automação e robotização, criação de novos equipamentos, aperfeiçoamento de sementes, fertilizantes, material genético etc., prevendo-se uma fase mais avançada com o surgimento de tecnologias como inteligência artificial e machine learning.

No tocante ao uso intensivo da tecnologia há um dilema que não existe na área rural. Na indústria urbana, a intensiva automação de atividades repetitivas estaria supostamente aumentando a produtividade, mas eliminando postos de trabalho. Na área rural, a mão de obra é tradicionalmente escassa por conta de vários fatores, entre eles, o despovoamento do campo em decorrência do êxodo rural.

No universo rural, provavelmente, o dilema emprego-tecnologia tenha outra dimensão, não debilitando o mercado de trabalho, mas fortalecendo a produtividade e gerando outras oportunidades com a criação de empregos em atividades emergentes, essas, notoriamente mais sofisticadas. Por outro lado, os pesquisadores concordam que é possível usar conhecimentos já disponíveis para desenvolver ou adaptar tecnologias que valorizem o trabalho humano ao invés de substituí-lo.

É preciso pensar em formas criativas de financiamento e estímulo ao pequeno produtor/empreendedor, pois sem inovação e tecnologia nenhuma atividade prosperará. Na agricultura existe um enorme espaço para tecnologias que agregam valor e asseguram sua sustentabilidade, pois esse é um atributo indiscutível ao agronegócio nacional.