No interstício de duas semanas, Dilma Rousseff anunciou a recriação da CPMF, desistiu da ideia e voltou à carga agora, desta feita embutindo a “proposta” na peça orçamentária de 2016, aquela com previsão de rombo de R$ 30 bilhões. Ao mandar o pacote ao Congresso, a presidente jogou a batata quente para o Legislativo, que reagiu com uma veemência e firmeza poucas vezes vista. Até mesmo aliados foram, por assim dizer, cautelosos ante a retrógrada iniciativa. Entidades empresariais, profissionais liberais, governadores, prefeitos, vereadores, todo mundo engrossou o coro contra a tunga anunciada. Se há algo que não pode ser subestimado no Brasil é o instinto de
sobrevivência da classe política, que torce o nariz para arcar com o ônus eleitoral em caso de retorno da CPMF.
A gritaria foi tão grande que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, veio a público avisar que é “muito pouco provável” que a CPMF ressuscite. O peemedebista ressaltou a fragilidade da base dilmista no Congresso, que sinalizou votação em plenário só em fevereiro do ano que vem.
Fora dessa
Governadores como Raimundo Colombo, aliado de primeira hora da petista, também já pularam fora da barca furada. O catarinense alertou à presidente, de viva voz, na segunda-feira à noite. Ele não vai mover um dedo pela volta do imposto.
Dever de casa
Na outra ponta, 11 entre dez lideranças avaliam que o corte de despesas anunciado é tímido, apenas uma cortina de fumaça para o verdadeiro objetivo de aumentar tributos. A cada semana, Dilma afunda mais na sua própria incapacidade de administrar e de articular politicamente.
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