Blog do Prisco
Coluna do dia

Segundo turno neste país

 

Em Santa Catarina, não resta a menor dúvida que o favoritismo de Jorginho Mello está estabelecido, não apenas pelos 21 pontos percentuais que ele colocou sobre o petista Décio Lima, mas também porque o estado é essencialmente conservador e bolsonarista.
Se em 2018 tivemos aqui a maior vitória proporcional do país em favor do chefe da nação, em 2022 o presidente obteve o quarto melhor resultado entre o eleitorado Barriga-Verde.
Ficando atrás apenas de Roraima, Rondônia e Acre. Três pequenos estados do Norte.
Como décimo colégio eleitoral brasileiro, a contabilidade expressiva mesmo a favor de Jair Bolsonaro foi em Santa Catarina.
O resultado quatro anos depois foi muito parecido com o de 2018.
Isso quer dizer que dificilmente Jorginho Mello deixará de capitalizar no segundo turno. Vamos ter a polarização nacional retratada no território estadual. Com ampla vantagem inicial ao candidato do PL.
Lula da Silva fez menos de 30% dos sufrágios catarinenses.

Feito histórico

Não deixemos de reconhecer, contudo, que foi uma vitória expressiva do PT e sobretudo, de Décio Lima. É a primeira vez na história que o partido passa ao round final na disputa ao governo. Sem perder de vista, ainda, que a pulverização dos votos da direita e do centro, com Moisés da Silva, Gean Loureiro, Odair Tramontin e Esperidião Amin, além da de Jorginho Mello, o grande vencedor do primeiro turno, favoreceu o petista.

Identidade

Resta testado, retestado e comprovado que o eleitorado catarinense é conservador e de direita. Em que pesem narrativas criadas no sentido de tirar, artificialmente, a identidade do eleitorado local. Os votos canhotos oscilam entre 20% e 30% por aqui.

Cálculo

O colunista dá a mão à palmatória em relação ao contexto federal. Sempre apostou que Jair Bolsonaro chegaria à frente do ex-presidiário ao final da apuração de 2 de outubro.
Não ocorreu, mas a vantagem do líder vermelho foi apertada. Realidade absolutamente diferente do mundo encantado e canhoto que algumas empresas de pesquisas, que estão com a credibilidade abaixo de zero, retrataram.

Dos 48,4% que o petista conquistou, cerca de 40% são votos consolidados, cristalizados. Houve sim influência das pesquisas mentirosas, manipuladoras, verdadeiras fake news que jorraram por todos os canais, como nunca antes na história deste país, com números absurdos. Alguns, surreais.

Nova chance

O segundo turno nacional é uma nova eleição. É evidente, contudo, que o petista larga em vantagem. Há favoritismo na direção do ex-presidente. Mas não há definição.

Necessidade

Bolsonaro precisa de um fato novo. Ampliar sua vantagem no Sul e no Sudeste e tentar minimizar a goleada que sofreu no Nordeste.

Ingrediente adicional 

É preciso considerar a questão das abstenções, que sempre são maiores no round final. Ainda mais considerando-se que em 15 estados a fatura já foi liquidada. Nos três principais colégios eleitorais, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o cenário que saiu das urnas é amplamente favorável ao presidente.

Mineiramente

Romeu Zema, o mineiro reeleito, já declarou que não há a menor possibilidade de apoiar o descondenado no segundo turno. Evidentemente que isso poderá ampliara votação de Bolsonaro no estado que detém o segundo maior número de eleitores brasileiros. Bolsonaro precisa, também, buscar eleitores que já foram seus e deixaram de votar e por aí vai.
A gama de variáveis é imensa e o jogo está aberto.