Deu a lógica. Tanto em Brasília como em Santa Catarina no que tange às eleições para as respectivas mesas diretoras. Nas duas Casa Legislativas federais, a recondução de Artur Lira (Câmara) e Rodrigo Pacheco (Senado) era o resultado esperado, apesar do aperto observado na Câmara Alta.
Por aqui, Mauro de Nadal (MDB) conquistou mais um mandato de presidente da Assembleia Legislativa com quase a unanimidade dos votos.
No Planalto Central uma palavra é chave para todo o processo: máquina. Poderio que acionou o rolo compressor entre deputados e senadores.
Arthur Lira (PP-AL) sequer teve adversários. Nadou de braçada. Os dois que se apresentaram totalizaram 40 votos. Não fizeram nem sombra por não terem a menor representatividade na Casa.
Lira não precisou da ajuda do governo Lula e nem do STF. A eleição estava sob controle. O alagoano conseguiu uma votação recorde na história, obtendo 464 votos. Suplantou em 30 sufrágios a votação de Ibsen Pinheiro em 1991 e a de João Paulo Cunha em 2003. Um, emedebista, e o outro, petista. Ambos não tiveram adversários nas suas respectivas disputas.
Musculatura
Significa que Lira sai ainda mais forte desse processo. Sem qualquer empurrão dos outros poderes. Venceu por sua própria capacidade de articulação como representante maior do Centrão.
Gato escaldado
Ah, mas Lula não lançou candidato. O PT não quis se arriscar como no período de Dilma Rouseff, que lançou candidato contra Eduardo Cunha e acabou sendo cassada após processo de impeachment aberto pelo próprio presidente da Casa à época.
Falando grosso
Respaldado pela votação que conquistou, Lira vai se sentir muito à vontade para negociar com o governo. Vão ter que sentar com o presidente da Câmara e negociar muto bem negociado para evitar sobressaltos. Foi uma vitória maiúscula do deputado de Alagoas.
De muletas
O mesmo não se pode dizer no Senado, onde, a vitória foi apertada, considerando-se o contexto: 49 votos para Rodrigo Pacheco (PSD-MG) contra 32 de Rogério Marinho (PL-RN). Este mostrou capacidade de articulação. O número de apoios que recebeu ultrapassa em cinco sufrágios o total de 27 senadores necessários para se abrir, por exemplo, uma CPI na Câmara Alta. Seja contra o governo, seja contra o Judiciário. Poderes que se envolveram diretamente na reeleição do mineiro.
Insuspeitos!
Ministros do STF ligando para senadores e o Diário Oficial da União dos últimos dos dias repleto de nomeações em favor de senadores que se diziam indecisos deram o tom de “imparcialidade” no Senado.
Débito
Pacheco foi reeleito, mas deve muito da fatura ao Judiciário e ao Executivo. Sua recondução é boa para o conluio estabelecido entre os poderes.
Pedra no sapato
A oposição, no entanto, tem condições de incomodar o governo e o STF no embalo da votação de Rogério Marinho.
Na Alesc
Mauro de Nadal levou 38 dos 40 votos. Conseguiu montar uma mesa eclética, incluindo o PL, partido do governador, muito embora a legenda tenha assegurado a vice-presidência após substituir Ana Campagnolo por Maurício Eskudlark.
Por um triz
Jorginho Mello se salvou de uma derrota que poderia ter sido acachapante, caso o PL, com 11 deputados, ficasse fora da mesa e das principais comissões permanentes da Casa.
Mirando 2026
Mauro sai fortalecido, sem sombra de dúvidas e já desponta como alternativa do MDB à majoritária, talvez numa composição em 2026.
Tripé
A sucessão do novo presidente da Alesc já tem três nomes mapeados: Eskudlark, que renovou mais um ano na primeira-vice-presidência; Nilso Berlanda, que vai substituí-lo em 2024 na função; e Zé Milton Scheffer, que se lançou candidato, mas retirou o nome para a presidência na reta final das costuras.
Triângulo
Jorginho vai ter que cuidar de três deputados do PL, bolsonaristas-raiz: a própria Ana Campagnolo, Jessé Lopes e Sargento Lima. Dois não votaram em ninguém. Jessé votou em Mauro, mas não respaldou os demais integrantes da mesa. Ou seja, os três não votaram no próprio correligionário para a vice-presidência. Uma preocupação a mais para o governador na tentativa de restabelecer a unidade do PL na Alesc.
foto>Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados