Considerando-se alguns movimentos de figuras sabidamente ligadas a Jair Bolsonaro, não apenas filiadas ao PL, mas também abrigadas em outras siglas de direita (Republicanos, PP e por aí vai), como é o caso específico do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é possível fazer uma leitura do momento.
Tarcísio, carioca da gema, foi ministro da Infraestrutura do ex-presidente. Chegou em São Paulo levado pelas mãos de Bolsonaro. Com a mudança do domicílio para o principal estado da federação, ele tornou-se o chefe do Executivo paulista. Um feito e tanto.
No vácuo deixado por Bolsonaro, que está há um mês e meio fora do país, e, tendo, ainda, Gilberto Kassab (PSD) como seu secretário de governo, Tarcísio anda se insinuando para uma aproximação além da institucional em relação a Lula da Silva.
Especula—se que o governador de São Paulo possa mudar-se para o PSD, partido que tem três ministérios na esplanada que é dominada por petistas. Outros senadores, deputados e até governadores também já estão nesta balada.
Na província
Trazendo esta conversa para Santa Catarina, pergunta-se: estaria Jorginho Mello raciocinando nesta direção? Muitos se perguntam e há conversas de bastidores indicando que o catarinense poderia ir na direção de Lula da Silva e do PT no plano nacional, a exemplo de Tarcísio, Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, e tantos outros.
Hummmm
Pelo feeling do colunista, Jorginho Mello não vai cometer o mesmo desatino de seu antecessor. Moisés da Silva era neófito na política e distanciou-se de Bolsonaro já no início da gestão. E olha que sua eleição em 2018 se deu única e exclusivamente pela onda Bolsonaro daquele ano.
Curriculo
O atual governador, registre-se, está no seu nono mandato, em mais de 30 anos de vida pública. Nunca perdeu uma eleição. Foi vereador, diretor de banco, cumpriu quatro mandatos de deputado estadual (tendo presidido a Alesc), elegeu-se duas vezes deputado federal, conquistando o Senado em 2018 e agora é o chefe do Executivo estadual.
Escolado
Não dá para ignorá-lo. Experiencia política, Jorginho tem de sobra. O governador inclusive tem consciência de que também deve sua vitória em 30 de outubro de 2022 a Jair Bolsonaro.
Nome forte
O ex-presidente é o grande eleitor catarinense desde 2018. Em 2026 essa realidade poderá mudar? Poderá, sem dúvidas. Imaginava-se que em 2022 a influência de Bolsonaro por aqui seria bem menor. Ela foi ainda maior do que há quatro anos.
Isso que ex-presidente não atendeu em absolutamente nada os pleitos catarinenses durante seus quatro anos no governo.
Paixonite
Santa Catarina tem uma paixão pela figura de Jair Bolsonaro. Ponto. Ele poderá perder influência por estar fora do cargo. Mesmo assim, vai se tratar de um eleitor estratégico com vistas ao próximo pleito estadual. Anotem.
Fora dessa
Jorginho não vai dar uma de Moisés. Evidentemente. Até porque, quando Moisés decidiu chutar o balde em relação ao ex-aliado, o ex-governador ficou completamente desamparado em relação aos deputados que se elegeram com ele em 2018: seis estaduais e quatro federais.
Lavada
No ano passado, o PL bolsonarista fez 11 estaduais, seis federais, o governador, a vice e o senador. Cargo para o qual Lucas Esmeraldino não foi eleito há quatro anos por míseros 18 mil votos, tendo perdido a segunda vaga justamente para Jorginho Mello.
Amplitude
Se o PSL em 2018 fez deputados, mais o governador e o vice, em 2022 o PL fez 17 deputados, o senador e mais os dois cargos do Executivo. Nada mais nada menos do que 20 mandatos!
Ouvidos moucos
Parece obvio que o governador não dará ouvidos àqueles que podem estar o induzindo ao erro. O colunista acredita que o catarinense vai manter uma convivência institucional com Lula da Silva e o governo federal. A conferir!