Voto distrital, Já!
É emergencial, é urgente. Mas voto distrital puro ou misto? Isso é secundário. É fundamental que ele venha a ser implementado. É pouco provável, contudo, que a mudança venha fora de uma reforma política, a mãe de todas as reformas. E que nunca sai dos discursos empolados.
O que temos visto são gambiarras oportunistas de acordo com as conveniências eleitorais do pleito seguinte. Nada mais.
Uma reforma política verdadeira é apenas expectativa da torcida. No governo Michel Temer, tivemos a reforma trabalhista e no governo Jair Bolsonaro a reforma previdenciária.
Agora, Lula da Silva, em sintonia com Arthur Lira (Câmara) e Rodrigo Pacheco (Senado), fala em reforma tributária. Quem sabe até alterações significativas na política fiscal.
Mexer no sistema político a fundo, de verdade, parece assunto proibido em Brasília. Não se encontra na ordem do dia.
Leniência
Há providências tomadas pelo Congresso que são derrubadas pelo STF, corte que muitas vezes tem legislado diante da omissão das duas Casa Legislativas, mas que, na maioria das vezes, usurpa mesmo, sem qualquer pudor, atribuições dos outros dois poderes. Sobretudo do Legislativo.
Sem delongas
Mas por que o voto distrital? Nem vamos entrar em outras frentes que possam conferir maior legitimidade ao processo eleitoral e político deste país. Nem vamos abordar qual o modelo seria o ideal. Se o alemão; se o adotado em outro país da União Europeia; se ele seria puro, misto e por aí vai.
Representatividade de muletas
Mergulhemos, contudo, na realidade catarinense. São 22 municípios na Grande Florianópolis. Mais de 1 milhão de eleitores. E quantos deputados federais eleitos? Nenhum, zero. A Capital e seu entorno não têm um nome sequer com assento em Brasília.
Paralelo
Joinville, o maior colégio eleitoral do estado, é outro exemplo. Na legislatura anterior, a cidade emplacou três deputados federais. Agora sobrou apenas uma cadeira, ocupada por Zé Trovão, do PL, que representa um segmento específico. Aliás, ele nem foi eleito por sua base regional, mas por ter participação nas greves dos caminhoneiros, liderança que lhe deu notoriedade.
Sobejando
Em compensação, Criciúma, que tem pouco mais de 150 mil eleitores, fez três parlamentares: Ricardo Guidi e Daniel Freitas foram reeleitos e Julia Zanatta estreou na Câmara dos Deputados este ano.
Quarteto
Mas há, ainda, uma quarta representante criciumense atuando no Parlamento Federal. Geovania de Sá, que ficou na primeira suplência da federação Cidadania-PSDB, assumiu em função da investidura de Carmen Zanotto na Secretaria de Estado da Saúde. Carmen é de Lages.
Oeste ok
Chegamos ao Grande Oeste, com mais de 100 municípios e quase 1,5 milhão de eleitores. A região passou a ter quatro cadeiras entre as 16 federais a que Santa Catarina tem direito. Caroline De Toni (PL) e Pedro Uczai (PT) renovaram os mandatos. Daniela Reinehr, ex-vice-governadora, assumiu para o primeiro mandato de federal, assim como Valdir Cobalchini, do MDB, que saiu de estadual para a esfera nacional de representação. Ali está tudo ok, sem reparos a se fazer sobre o número de eleitores da região e a quantidade de representantes.
Grande Vale
No Vale do Itajaí, onde se concentra o maior eleitorado catarinense, são cinco os deputados federais que tomaram posse em 1ᵒ de fevereiro. Estamos falando, naturalmente, de todo o Vale do Itajaí. Gilson Marques, do Novo, foi reeleito. Chegaram lá Ana Paula Lima (PT), Jorge Goetten (PL), Rafael Pezentti (PL) e pelo PSD Ismael dos Santos.
Buracos no mapa
Essa discrepância precisa ser combatida, refletida, avaliada e debatida a partir do próprio resultado eleitoral catarinense. A representatividade regional de Santa Catarina está capenga, só está de acordo no Vale do Itajaí e no Oeste. No Norte e na Grande Florianópolis é algo inacreditável o quadro atual. E no Sul, a equação é para mais, muito mais além do eleitorado em relação ao número de representantes. Chega a ser surreal. A conferir se esse assunto entrará na pauta política dos eleitos.