Blog do Prisco
Coluna do dia

Da ribalta ao ocaso

Da ribalta ao ocaso

Gelson Merisio, personagem político que em 2014 fez, a maior votação para Assembleia Legislativa, com 129 mil votos, conquistando a reeleição para a Casa. Em 2018, sua marca não foi superada por ninguém. Naquele ano, ele disputou o governo.
Em 2022, o recorde foi batido com folga por Ana Campagolo, que alcançou impressionantes 196 mil votos.
Mais do que ela, somente a recordista de votos à Câmara Federal, a amiga e correligionária Caroline de Toni. A parlamentar foi reeleita com 227 mil sufrágios. Hoje ela é a coordenadora do Fórum Parlamentar Catarinense.
Merisio foi derrotado no segundo turno de 2018 por Jair Bolsonaro, representado aqui por Moisés da Silva, que era um ilustre desconhecido.
Merisio já tinha um acordo praticamente fechado com o jovem presidente do PSL catarinense à época, ex-vereador de Tubarão Lucas Esmeraldino, que seria o candidato a vice. Assim, Merisio conquistaria a unção para concorrer como candidato de Bolsonaro ao governo.

Amin no caminho

Ocorre que Esperidião Amin, para abrir mão da candidatura ao governo e aceitar dobrar com Raimundo Colombo ao Senado, impôs a candidatura de João Paulo Kleinubing de vice.
Condição que obrigou Merisio a desfazer o acordo e aceitar JPK em sua chapa, deixando Esmeraldino sem alternativa.

História

Resultado? O PSL foi pra convecção e apresentou a chapa Mosiés/Daniela para o governo, obtendo êxito. Com Lucas Esmeraldino ao Senado.

Goleada

O candidato bolsonarista derrotou Merisio na proporção de 71% contra 29% dos votos em 2018. Segundo turno.

Marcas do que se foi

Esse episódio ficou marcado na trajetória de Merisio. Se não fosse Bolsonaro, ele teria sido eleito governador.

Vingança

O ex-deputado deu um cavalo de pau, filiou-se ao PSDB, passou como um meteoro pelo partido e acabou no Solidariedade. Era opção pra vice de Décio Lima (PT).

Jogo

Abriu mão de qualquer posição majoritária para reforçar o projeto canhoto em Santa Catarina. Lima chegou ao segundo turno, condição alcançada pela primeira vez por um petista no estado.

Trio

Foi aí que entraram Dário Berger ao Senado e uma vice do Sul do Estado.

Binóculo

Merisio observa o cenário. É muito improvável que venha a ser aproveitado em algum cargo federal, embora tenha impressionado politicamente a deidade petista.

Grande açougue

O grande trunfo de Merisio é o grupo empresarial JBS, do qual ele é conselheiro e regiamente pago. Desfruta da intimidade dos maiores acionistas.

Canto da sereia

É por aí que Merisio tenta seduzir Jorginho Mello a uma interlocução com Lula da Silva. O governador catarinense tem sido tentado. Mas vem resistindo.

Lições

Afinal de contas, Moisés foi no canto da sereia dos colegas militares e rompeu com Bolsonaro logo no início do governo, lá em 2019. O mesmo ex-presidente que o elegeu em 2018, derrotou Moises em 2022 através de Jorginho Mello.

Traquejo

Apesar de estar no nono mandato, Jorginho sabe que Bolsonaro segue um grande eleitor em Santa Catarina. Mesmo com Jair fora da presidência, o chefe do Executivo estadual não parece propenso a pagar pra viver uma aventura longe do bolsonarismo neste momento.

Influência

Meirio poderá abrir portas em Brasília para tentar se tornar mais influente entre as lideranças estaduais.

Astuto

Mas o governador tem outros canais, como a própria senadora Ivete Appel da Silveira e parlamentares federais.

Escaldado

Seguramente, Jorginho não vai cair facilmente no papo de Merisio, que tenta atraí-lo para voltar a ter algum protagonismo em Santa Catarina.

Zero à esquerda

No atual cenário, Gelson Merisio é, literalmente, um zero à esquerda. Não representa nada politicamente no estado. Quando muito pode pensar numa candidatura a federal. Majoritária, nem pensar.

Gerente

Ou então seguir como dirigente e conselheiro da JBS, pilotada pelos açougueiros bem conhecidos em todo o Brasil.