O texto abaixo é do jornalista e editorialista JR Guzzo. Recomenda-se a leitura e dispensam-se maiores comentários.
Depois de três meses de esforços desesperados do governo Lula e de seus aliados para esconder a verdade, a casa caiu. Imagens publicadas pela CNN mostram o general Gonçalves Dias, homem da confiança de Lula, em atitude de colaboração com os invasores que vandalizaram o Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. A “tentativa de golpe” e os “atos terroristas” tiveram a participação, incentivo ou cumplicidade de agentes do governo. É por isso que Lula e o PT lutaram com tanta ferocidade para impedir a CPMI sobre o que realmente aconteceu.
Desde o começo, a história pareceu esquisitíssima. Tentativa de “golpe militar”? Não poderia ser: as Forças Armadas estavam a favor de Lula e contra os manifestantes – mentiram para eles e se juntaram à polícia para enfiar na cadeia quem estava na frente dos quartéis. Os crimes do 8 de janeiro não interessavam à oposição nem “ao Bolsonaro”. Serviam apenas para Lula se fazer de vítima e jogar a mídia numa tempestade de denúncias contra a “direita” – e a favor da repressão cada vez mais ilegal que o STF faz contra os acusados.
Agora as coisas se explicam: foi o próprio governo, com a participação direta de militares que estão ao seu serviço, que armou a baderna do 8 de janeiro. Está provado, no mínimo, que foi omisso, não fez nada para evitar as invasões e tinha um efetivo ridículo para defender os edifícios atacados. Dá na mesma, em termos práticos. Tudo fica ainda mais claro quando se verifica que o general foi demitido logo após a publicação dos vídeos. Se não fez nada de errado, por que foi demitido?
Tão mal quanto Lula, seu governo e os militares fica o STF. Alexandre Moraes prendeu 1,4 mil pessoas pelas invasões e começou um espantoso julgamento dos acusados por “lotes” de 100 ou 200 pessoas de cada vez. Pessoas que nem estavam no local foram presas, são obrigadas a usar tornozeleiras e já cumpriram – antes de serem julgadas – mais da metade da pena máxima prevista para o delito de que são acusadas.
Deputados e senadores passaram a ser cúmplices da bandidagem. Muitos fizeram exatamente o que o general Gonçalves Dias: deram um passeio pelo Planalto no dia 8 de janeiro. Na injustiça mais escandalosa de todas, ex-secretário de Segurança de Brasília, que estava nos Estados Unidos no dia dos crimes, está preso há três meses – e o general de Lula, que estava dentro do palácio, está solto. Como sustentar que alguma coisa dessas seja legal? O ministro Alexandre, como Lula, também vai dizer que “não sabia” dos vídeos, nem das omissões, nem de nada? Não estamos diante de mais um “equívoco”, uma “avaliação errada”, ou um “acidente”. O que está se vendo, com provas, é um ataque direto à democracia.