A crise brasileira é doméstica
Na recente passagem por Santa Catarina, o renomado economista Gustavo Loyola, que presidiu o Banco Central em duas oportunidades, foi taxativo em relação à deterioração do quadro econômico brasileiro. Segundo ele, o problema todo é de pura má-gestão e gastança pública. O atoleiro econômico no qual o Brasil se encontra, assinalou, não guarda qualquer relação com o cenário internacional, onde a China recuou um pouco, mas seguirá crescendo 6%, 7% ao ano.
A locomotiva do planeta, os Estado Unidos, lembrou o economista, está com base de crescimento em torno de 2,5%, o que é muito considerando-se a riqueza do Tio Sam. E a comunidade europeia também cresce. Coisa de 1,5% a 2% em média.
A crise da Grécia, salientou Loyola, foi um caso isolado.
Basicamente, o governo Dilma abusou dos gastos sociais para garantir a reeleição, perdendo o controle do caixa, e baixou a taxa de juros na hora errada, proporcionando o desastre que se vive em 2015.
Faltou foi pura pilotagem mesmo na área econômica. Como hoje a ex-mãe do PAC passa a maior parte do tempo lutando para manter o mandato, as reformas estruturantes (tributária, fiscal e previdenciária) que são necessárias para tirar o Brasil do abismo estão em stand by. Quadro que permite a projeção de mais anos difíceis pela frente. Até porque, o grande problema é a questão política, que parece longe de se estabilizar.
Elogio
Gustavo Loyola assegurou que acredita na recuperação do país, elogia a política econômica de Joaquim Levy, mas defende um ajuste mais amplo.
Difícil projetar
O ex-presidente do BC deixou claro que é muito difícil prever o que é pior para o momento: manter Dilma se arrastando – e levando o Brasil junto – até 2018, com a economia só dando sinais de melhora em 2017; ou, no caso de impeachment, passar o poder para um novo grupo. Esta última opção, arrisca Loyola, poderia acelerar um pouquinho o processo de recuperação.
Salvação da lavoura
Os únicos setores que hoje respondem positivamente na economia nacional são o agronegócio e as exportações. Nos dois, lembrou Gustavo Loyola, Santa Catarina se destaca.
Bastidores
Em conversas reservadas no território catarinense, o ex-presidente do BC avaliou que Aécio Neves não deve ser o nome do PSDB para 2018. Tem tudo para ficar pelo caminho a partir de novos escândalos relativos ao seu governo em Minas Gerais e que devem estourar na sequência. O grande nome da oposição seria o de José Serra, mas Loyola prevê que quem vai se viabilizar politicamente é o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que já disputou a presidência da República, em 2006.
Martins no STJ
Raimundo Colombo pretende estar com Dilma Rousseff esta semana, em Brasília. E vai novamente pedir pela nomeação do desembargador Nelson Schaefer Martins, presidente do TJ de SC, à vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Está havendo uma grande mobilização política em torno do nome do catarinense, que seria o terceiro (se uniria a Jorge Mussi e a Gastaldi Buzzi) do Estado dentro de um colegiado de 33 ministros.
Chicana
Como o PMDB catarinense adotou posição francamente contrária a Dilma Rousseff, emissários estão procurando lideranças nacionais do Manda Brasa, dentro da articulação para emplacar Nelson Martins no STJ. O otimismo é grande. A nomeação pode ocorrer já nesta semana.