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O Mistério do Sumiço de Jorge Seif

Causou estranheza a ausência do senador Jorge Seif durante a passagem do casal Jair e Michelle Bolsonaro por Santa Catarina na semana passada. Todos sabem que o mandatário tem uma aproximação, inclusive afetiva, junto ao ex-presidente, que o qualifica como “06”, como se fosse um filho. Quando o empresário Luciano Hang desistiu da candidatura ao Senado em 2022, foi o próprio Bolsonaro quem escolheu seu ex-secretário da Pesca para concorrer à Câmara Alta. Seif tem domicílio eleitoral em Balneário Camboriú. Naquele instante, não faltaram pré-candidatos de olho na vaga majoritária, incluindo o deputado federal Daniel Freitas, a deputada federal Carol De Toni e a então vice-governadora, Daniela Reinehr. Até mesmo o emedebista de longa data e amigo de Jair Bolsonaro, Rogério Peninha Mendonça, apresentou suas credenciais. Seif foi o escolhido e eleito, justamente porque o ex-presidente apoiou sua candidatura.

O ex-secretário da Pesca ganhou com folga do ex-governador Raimundo Colombo, que amargou sua segunda derrota ao Senado.

Então, por que Seif não esteve em nenhuma agenda dos Bolsonaros no estado? Há quem diga que o senador se afastou para não tirar o brilho de Jorginho Mello junto ao casal, permitindo que o governador capitalizasse e potencializasse, sozinho, sua proximidade com os líderes da direita nacional.

Será?

Seif poderia dividir as atenções, certo. Só que este argumento não soa muito palatável, plausível. O senador não estaria, de alguma maneira, procurando manter uma distância calculada de Jair Bolsonaro neste momento em que seu mandato está sob risco?

Jair quem?

Longe do ex-presidente, Seif estaria raciocinando que tal estratégia poderia favorecê-lo junto às supremas togas eleitorais. Ele é alvo de uma ação por suposto abuso de poder econômico em função do apoio recebido do Grupo Havan na campanha do ano passado. O conglomerado empresarial é liderado e comandado por Luciano Hang.

Faz sentido.

Essa leitura é bem mais factível para justificar o sumiço do senador na semana passada. Muito embora, importante frisar, o ministro Alexandre, o pequeno, venha sendo absolutamente severo com todos aqueles ligados a Jair Bolsonaro, rigor que também se observa na direção dos ex-coordenadores da Lava Jato. Deltan Dallagnol já foi para a degola. O ex-juiz e senador Sérgio Moro deve ser o próximo.

Atividade.

Na terça-feira, em Brasília, Jorge Seif estava no ritmo normal de trabalho, posicionando-se com clareza e firmeza sobre temas nacionais. Por isso também soa ainda mais estranha a ausência dele nas agendas bolsonaristas da semana passada.

Estratégica.

Até porque, no dia 3 de setembro, teremos a eleição suplementar para a Prefeitura de Brusque. O empresário Luciano Hang, convém lembrar, também teve seus direitos políticos cassados e está fora de qualquer possibilidade de disputa eleitoral. E o primeiro suplente de Seif também é um empresário brusquense.

De olho.

O que não falta são pretendentes a uma candidatura bolsonarista ao Senado por Santa Catarina, no caso de imolação do mandato de Jorge Seif.

Lorotas.

Soluções salomônicas, como as especulações que dão conta de que Michelle Bolsonaro ou outro nome de fora poderiam disputar nova eleição à Câmara Alta fora de época, não passam de ilusões, miragens.

Força.

Hoje, o nome natural para uma eleição extemporânea ao Senado é o da deputada federal Carol De Toni, recordista de votos nas eleições proporcionais de 2022. Ela obteve 227.632 sufrágios para a Câmara Federal. Por muito pouco, ela não bateu o recorde de Esperidião Amin, que, em 2010, conquistou 229.668 votos para deputado federal.

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