O Partido Liberal tem o governador de Santa Catarina, a vice, um senador, seis deputados federais e 11 estaduais.
Portanto, estamos falando em 20 detentores de mandato que saíram das urnas nas eleições do ano passado.
Diante desse quadro não há como ignorar a força, a musculatura, a densidade do partido no território estadual. Sobretudo considerando-se o perfil conservador do eleitorado catarinense e também a característica bolsonarista desse mesmo colégio eleitoral – isso está testado e provado em duas eleições consecutivas. Em 2018 Jair Bolsonaro fez quase 76% dos votos no segundo turno, conquistando pouco mais de 70% no ano passado.
Mesmo assim, é de bom alvitre não dar chance para o azar. E muito menos subestimar os adversários.
Vamos pinçar um município que está entre os 12 maiores do estado. Balneário Camboriú, o mais badalado e procurado do Brasil e um dos principais balneário da América do Sul.
Direções opostas
A cidade tem como prefeito Fabrício de Oliveira (D). Ele foi eleito pelo PSB, depois alistou-se no Podemos no Podemos e hoje está filiado ao PL.
Ocorre que o alcaide não joga a favor da candidatura de seu ex-vice-prefeito e deputado estadual, Carlos Humberto (PL).
Política tem fila
Nos bastidores, o prefeito atua na direção do presidente da Câmara de Vereadores, David La Barrica. Nada contra a figura do vereador. É evidente, contudo, que ele não tem a visibilidade e a consistência necessárias para disputar a prefeitura em 2024.
Morro abaixo
Até porque em política não se inventa. Quando há um candidato natural é a ele a quem o partido deve recorrer.
Por óbvio, o nome natural em Balneário Camboriú é o do deputado Carlos Humberto. Foi duas vezes vice-prefeito e conquistou uma das 40 cadeiras da Alesc ano passado. As pesquisas inclusive mostram claramente a grande dianteira dele entre o eleitorado de BC.
Observando
Ocorre que o parlamentar está bem situado na Assembleia, é um empresário bem sucedido e observa o cenário.
Controle
O PL da cidade, registre-se, está nas mãos de Fabrício de Oliveira. Pela ordem correta das coisas, a sigla deveria ser pilotada por alguém ligado ao pré-candidato à sucessão do atual prefeito.
Decisão
No plano estadual, o partido segue sendo pilotado pelo governador Jorginho Mello. Isso obrigará o chefe do Executivo a tomar uma decisão: com quem ficará a proa do PL em Balneário Camboriú? O grupo de Fabrício ou o time de Carlos Humberto?
Lado
Se o governador deseja ver o deputado estadual como candidato, terá que passar o controle municipal da legenda a Carlos Humberto.
Ou o encaminhamento se torna claro, cristalino, ou então o prefeito terá que trabalhar pelo seu candidato.
Passado recente
Vale lembrar que Jorginho Mello é muito grato a Fabrício de Oliveira, que abraçou sua candidatura no apagar das luzes do primeiro turno do pleito de 2022. Ali, contudo, o projeto do atual governador já era o favorito para vencer o pleito.
Sopa pro azar
Sempre é bom lembrar que não se ganha eleição por antecipação.
Leonel Pavan (E) foi três vezes prefeito. Sua filha é vereadora em Balneário Camboriú. Ambos estão de malas prontas, saindo do PSDB para ingressar nas fileiras do PSD.
Condicionante
Pavan só disputará a prefeitura da vizinha Camboriú se a filha concorrer à reeleição. Se Juliana Pavan assumir a candidatura à prefeitura de Balneário, o ex-governador não estará no pleito municipal.
Cenários
A estratégia da família Pavan está condicionada à definição do candidato do PL. Se o nome for o de Carlos Humberto, favoritíssimo a vencer o pleito, Juliana Pavan necessariamente terá que buscar a reeleição.
Possibilidade
Se vier outro nome pelo PL, sem envergadura, Leonel Pavan apostará todas as fichas para tentar eleger a filha prefeita da cidade.
É bom o PL abrir o olho. Quando o otimismo é grande demais e se busca soluções nada ortodoxas é meio caminho andado para buscar a companhia da derrota.