Debater os desafios e apresentar boas práticas de inclusão de pessoas com deficiência no mundo do trabalho. Esse foi o objetivo do evento “Inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho”, realizado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), por meio da Responsabilidade Social, na última semana, em Chapecó. Contou com os seguintes parceiros: Fundação Aury Luiz Bodanese, entidade mantida pela Cooperativa Central Aurora Alimentos (Aurora Coop), e Prefeitura de Chapecó.
A líder do Programa Inclusão da FIESC, Sheila Kurtz, apresentou o Portal de Inclusão – inclusao.sesisc.org.br. “O Portal tem o objetivo de conectar pessoas com deficiência, empresas e instituições representativas para criar oportunidades, especialmente de trabalho e de desenvolvimento”, destacou.
É um espaço, gratuito, onde é possível encontrar informações, notícias, serviços, cursos e vagas de trabalho. As pessoas com deficiência, voluntariamente, podem cadastrar seu currículo e visualizar vagas disponíveis e contatos, assim como cursos do SESI e SENAI para formação e qualificação. As empresas, tem a possibilidade de divulgar as suas oportunidades de trabalho e visualizar os cadastros das pessoas com deficiência.
Também disponibiliza conteúdos técnicos e de legislações para orientar tanto as empresas, quanto as pessoas que buscam inserção no mercado de trabalho. O gerente executivo do SESI, SENAI e IEL na regional oeste, Jardel Carminatti, salientou que os desafios da inclusão são constantes. “As empresas precisam cada vez mais de uma força produtiva maior e o princípio de todas as empresas são as pessoas. A FIESC, com o Programa de Inclusão, atua como facilitador nesse processo e, com esse debate, coloca em prática o seu propósito, que é desenvolver e transformar a indústria de Santa Catarina, melhorando a vida das pessoas”, concluiu.
DESAFIOS
A consultora de inclusão da Talento Incluir, Tabata Contri, participou de maneira remota e expôs desafios e avanços na empregabilidade de pessoas com deficiência. “A Lei de Cotas existe há mais de 30 anos. Somos 21 mil pessoas com deficiência trabalhando formalmente, o número é pequeno, mas cresce um pouco anualmente”. Tabata contou que após o acidente que a deixou tetraplégica, ficou em dúvida sobre o que poderia fazer. “Eu não sabia como seria minha vida porque não via outras pessoas como eu, cadeirantes ou com qualquer outro tipo de deficiência, trabalhando. Eu achava que não era possível. Quando a gente não se vê nesses espaços, achamos que eles não são para nós”, avaliou.
Para ela, o maior desafio para inclusão são as barreiras e a primeira delas está relacionada às atitudes. “Precisamos de educação corporativa, porque muita gente não convive com pessoas com deficiência e os preconceitos, os paradigmas, precisam ser quebrados. Pessoas com deficiência podem e devem estar ocupando todos os espaços”, disse, ao falar também de barreiras de acessibilidade, de comunicação e de metodologia. “O grande desafio das empresas é trabalhar o crescimento e o desenvolvimento das pessoas com deficiência. Seja com mentorias, com oportunidades internas, com processos de coaching, porque a maioria ainda ocupa cargos operacionais. Não há problema algum, o problema é ficar no cargo de assistente para sempre”, analisou, ao acrescentar a importância do papel dos líderes nesse processo. “A inclusão não é só uma questão do setor de RH, mas de todos”, expôs.
CASE SOBRE INCLUSÃO
A coordenadora de Programas Sociais da Aurora Coop, Sonara Bergamo Ramos, e a enfermeira corporativa Francieli Perusso, integrantes do Comitê Central da Política Aurora Coop para Pessoa com Deficiência, apresentaram as ações de inclusão desenvolvidas pela cooperativa Aurora Coop. Em 2007 a cooperativa criou o Programa Atitude Agora, com o objetivo de promover o desenvolvimento pessoal, social e profissional das pessoas com deficiência no mundo do trabalho e, em 2008, surgiu o Comitê para Política Aurora Coop para Pessoa com Deficiência. O Programa Atitude Agora realiza curso de Qualificação para Pessoas com Deficiência, palestras, Workshop Viva as Diferenças, estabelece parcerias com instituições, a exemplo nas APAES e com o Instituto Guga Kuerten, entre outas ações.
Sonara explicou que a Política Aurora Coop para Pessoas com Deficiência tem o compromisso de possibilitar a inclusão, a adaptação, a integração, o desenvolvimento profissional e a permanência das pessoas com deficiência e beneficiários reabilitados da previdência social nos espaços de trabalho. Isso é feito através da criação de comitês central e nas unidades da cooperativa, sensibilização para todos os colaboradores, melhorias e adaptação para acessibilidade física, parcerias, divulgação de vagas, e demais ações. “Precisamos mudar nosso olhar sobre inclusão. “Desde antes de existir uma lei de inclusão, a Aurora Coop já tinha na sua prática a contratação de pessoas com deficiência. Faz parte da nossa cultura”, salientou Sonara.
Francieli enfatizou que é necessário olhar para a potencialidade das pessoas. “Queremos que a pessoa com deficiência tenha, de fato, uma inclusão no mercado. Que ela consiga ter trabalho, oportunidades, respeito, dignidade, que conquiste seu espaço e se desenvolva. Buscamos possibilitar a inclusão com adaptação, integração e desenvolvimento profissional”, sublinhou. Além disso, é fundamental ter constância nas ações. “É preciso sempre olhar para a estratégia e fomentar a inclusão. Na Aurora Coop temos uma caminhada que nos orgulha”, finalizou Sonara.