Blog do Prisco
Coluna do dia

Mais uma derrota

Sinte – Sindicato dos Trabalhadores na Educação em Santa Catarina. Historicamente ligado às esquerdas, mais especificamente ao PT. Há alguns meses, a entidade se movimenta com pauta reivindicatória no âmbito estadual. Chegaram a entrar em estado de greve recentemente, tentando pressionar a administração. Nesta semana, houve a assembleia decisiva do sindicato para aquilo que seus dirigentes imaginavam que seria a decretação de greve por tempo indeterminado na rede estadual de ensino. Foram para o voto. E aí veio a surpresa. Repetiram (democraticamente, claro) a votação. Nada. Os petistas, sindicalistas, perderam. Por pequena margem, é verdade. O resultado, no entanto, não é comum. Eles sempre levaram e ganharam todas com folga na história recente deste estado. Normalmente 80%, 90% dos presentes respaldavam o encaminhamento de greve. Dessa vez foi diferente. Ainda não está claro se o governo também se mobilizou e enviou professores para oferecer o contraponto à pelegada no intuito de tentar evitar a paralisação, que seria a primeira no governo Jorginho Mello.

Engatinhando

A gestão atual tem pouco mais de oito meses. Só por isso seria uma forçação de barra se iniciar uma greve politiqueira, tendo como pano de fundo as eleições municipais de 2024.

Burros n’água

O PT e a pelegada se deram mal. Jorginho derrotou os petistas pela segunda vez no período de 10 meses. Foi no final de outubro de 2022 que Décio Lima foi goleado no segundo turno do pleito estadual pelo atual governador.

Tiro no pé

Essa decisão, que pegou a esquerda no contrapé, pode estar a traduzir, ainda, uma outra situação. Digna de formulação e avaliação. Será que os servidores públicos, que tradicionalmente votam em candidatos e partidos de esquerda, já começam a reavaliar suas posições com contornos mais conservadores no território catarinense?

Termos

Nem vamos falar em bolsonarismo. Será que o funcionalismo começa a perceber que pode estar sendo usado, há muito tempo, como simples massa de manobra? Talvez haja professores se perguntando se é por aí mesmo o caminho? Muito estrategicamente, o governo fez alguns acenos recentes à Educação. Discretos, mas fez. Já numa demonstração de boa vontade.

Calendário

A decisão de ontem fulminou com a greve esse ano. Se tiver paralisação, será lá em março de 2024, com o calendário já se aproximando da campanha eleitoral.

Digno de registro

Ao fim e ao cabo, a derrota do PT e do Sinte é um fato quase que inédito em Santa Catarina. Desde Esperidião Amin, que venceu a eleição direta de 1982, o Sinte se especializou em fazer greves. Em todos os governos desde então até porque o PT nunca governou Santa Catarina.

Golpe de sorte

Em 2022, pela primeira vez, colocaram um candidato no segundo turno. Muito mais pela pulverização de candidaturas na centro direita e em função, ainda, de alguma de transferência de votos de Lula da Silva do que propriamente pela força da canhotada estadual.

Quinteto

No ano passado, tivemos, além de Jorginho Mello, Esperidião Amin, Gean Loureiro, Carlos Moisés (disfarçado, pois a cada dia ficam mais claras suas convicções esquerdistas) e Odair Tramontin concorrendo contra apenas uma chapa do outro lado, a do PT liderada pelo próprio Décio.

União

Em 2018, ele disputou sozinho pelo seu PT. No ano passado, a esquerda concentrou apoios e votos no ex-prefeito de Blumenau. Mas foi a pulverização no espectro oposto que levou o petista, por pouco mais de 20 mil votos, à vaga no round final, espaço que, ao natural, seria do ex-governador Moisés.