O Centro Administrativo precisa reavaliar sua estratégia de relação com a Assembleia e também o timing de elaboração de matérias polêmicas. Neste momento, a base de apoio a Raimundo Colombo no Legislativo configura-se numa verdadeira geleia geral. Mesmo assim, o governo atua em três frentes delicadas, correndo riscos, além do desgaste, de transformar descontentamentos pontuais em rebelião generalizada.
Os articuladores de Colombo tentam aprovar a indigesta MP 202, que aumenta a jornada de trabalho de Policiais Militar e Bombeiros e, na outra ponta, reduz as possibilidades de pagamento da indenização para os servidores que entraram de férias, licença ou afastamento. A reação das entidades que representam as forças de segurança é forte e já está nas raias do Judiciário, onde a guerra pode se acirrar. Será mais uma prova de fogo para a geleia governista no Parlamento.
Mesmo dizendo contar com os votos necessários para aprovar as mudanças na SDR’s, que seria o começo do fim da menina dos olhos de Luiz Henrique da Silveira, o PMDB invocou o regimento interno, esta semana, e adiou por mais uma semana a votação. No plenário, o resultado é imprevisível, já que os peemedebistas não aceitam a aniquilação do projeto idealizado por LHS e podem retaliar.
Não bastassem essas duas frentes, o Centro Administrativo também está às voltas com a nova proposta do Plano de Carreira do Magistério, que sofre duras críticas e fortíssima resistência do Sinte. Por precaução, o governo evitou enviar a peça à Alesc esta semana, conforme havia anunciado. Mesmo assim, os deputados também já estão novamente na mira do sindicato.
Sintomas
A bancada do PMDB não torce o nariz apenas para o projeto que começa a extinguir as SDR’s. A turma também faz oposição branca ao líder do governo, Sílvio Dreveck (um personagem dos mais corretos, ressalte-se), que é do PP, eterno adversário do Manda Brasa.
Trio
Tem ficado claro na Assembleia que a trinca partidária PSD, PP e PSDB está atuando com afinação e frontalmente contrária aos interesses do PMDB. Prelúdio para 2018?
Pequenos
A geleia aliada no Parlamento também se explica a partir do descontentamento de bancadas menores na Casa, como PSB, PR e PPS. Elas reclamam que o governador não atende os deputados. Talvez esteja mais do que na hora de o Centro Administrativo dar um lustro à sua articulação política.
Sem caixa
Presidente da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam), José Cláudio Caramori enviou ofício ao Congresso e ao Ministério da Educação. A entidade avisa que os municípios não têm condições de pagar o reajuste do piso do magistério em 2015, estabelecido em 14,4%. A Fecam questiona os critérios para a definição do patamar, já que, até aqui, há defasagem de R$ 292 milhões nos repasses constitucionais aos 295 municípios de Santa Catarina.
Petróleo e educação
Projeto aprovado esta semana na Comissão de Educação do Senado estabelece que metade dos recursos oriundos da exploração de petróleo na camada pré-sal e vinculados à educação deverão ir para o Fundeb.
Segundo o catarinense Dalirio Beber, relator da matéria, a ideia é reforçar o caixa do fundo, pois o texto impede que o governo venha a usar estes recursos para compor o percentual mínimo que é obrigado a repassar ao Fundeb.