Esta semana começou, efetivamente, o ano de 2024, que é um período essencialmente eleitoral. Teremos a renovação de comando nos 295 municípios catarinenses com as escolhas de seus gestores e respectivos vereadores.
Costumamos dizer aqui que nas pequenas e médias cidades – mais de 80% em Santa Catarina – a escolha será essencialmente local, considerando-se as realizações das atuais administrações e também as peculiaridades de cada município.
Neste ano, contudo, teremos uma novidade. Um ex-presidente, Jair Bolsonaro, desalojado do Palácio do Planalto, mas que sempre recebeu o apoio maciço dos catarinenses, entrará de corpo e alma na disputa.
Em 2020, no exercício da Presidência, ele não se envolveu no pleito. Neste ano, o presidente de honra do PL nacional estará com tempo disponível. Dispõe, ainda, de outras motivações para dedicar-se como cabo eleitoral. Uma delas é a presença de seu quarto filho homem, Renan, na disputa. Ele mora em Balneário Camboriú, é lotado na assessoria do senador Jorge Seif e será candidato a vereador.
Conservadorismo
Mas não fica só nisso. Considerando-se os 10 maiores colégios eleitorais do Brasil, nenhum se aproxima de Santa Catarina em termos de respaldo eleitoral a Jair Bolsonaro. Em 2018, ele conquistou quase 76% dos votos. Contra o poste Haddad. Em 2022, contra Lula da Silva, ele fez 70% dos sufrágios.
Origens
Não resta a menor dúvida da supremacia do voto conservador no estado, com suas colônias italiana, alemã e portuguesa, nessa ordem de grandeza. O Vale do Itajaí constitui-se na região mais bolsonarista do Brasil.
Recados
As motivações são as mais variadas para o ex-presidente. Recentemente, ele declarou que Jorginho Mello é seu governador favorito. Bem verdade que o líder do PL brasileiro quis dar uma estocada no seu ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que ele elegeu governador em São Paulo. Sob a ótica de Bolsonaro talvez Freitas esteja tricotando um pouco além das expectativas em relação ao Planalto.
Mau presságio
Sem contar que o gestor paulista tem como articulador político Gilberto Kassab, o chefão da máfia do PSD, partido que cada vez está mais assemelhado com o PT. Não só no plano nacional como no contexto estadual.
Nas alturas
Também faz pouco tempo que o ex-presidente declarou que Jorginho é uma alternativa à Presidência. Evidentemente foi mais um recadaço a Tarcísio de Freitas.
Identificação
Isso tudo já fortalece a presença de Bolsonaro como grande cabo eleitoral nas grandes cidades catarinenses.
Rejeição
Nas pequenas e médias, a influência pode vir na mão contrária, ou seja, pelo fator Lula da Silva. Embora a reforma tributária só vai mostrar efetivamente suas garras a partir de 2025, 2026, os prefeitos e lideranças municipais sabem que as mudanças são para aumentar a carga tributária e concentrar ainda mais recursos em Brasília.
Histórico
Pela primeira vez, a eleição municipal poderá ganhar contornos mais nacionais, inclusive nas pequenas e médias cidades, sobretudo num estado em que Bolsonaro tem grande influência sobre seu destino político-eleitoral.
Atenção
É bom ficarem atentos. Ainda mais que o ex-presidente está com tempo disponível. Terá condições de frequentar cidades estratégicas no Brasil inteiro.
Bastará dar uma passada no município polo da microrregião e sua influência será irradiada aos demais.
Musculatura
Ou seja, o PL pode surpreender muita gente em SC. Não o MDB, que deverá fazer os seus 80 prefeitos, no mínimo. E nem o PP, que deverá eleger entre 40 e 50 prefeitos. Mas especialmente o PSD, que imagina que fará algo em torno de sete dezenas de prefeituras.
Fatores
O MDB, que sempre fez algo em torno de 100 prefeituras, deverá perder consistência. O que não deve incomodar muito a turma do Manda Brasa.
O que todos eles sabem, pepebistas e emedebistas, ao fim e ao cabo, é que o futuro deles em 2026 passa pelo PL e pela recondução de Jorginho Mello.