Em evento na FIESC nesta quarta, industriais abordaram as mudanças tecnológicas, ambientais e geopolíticas que desafiam as empresas a repensar seus negócios; o presente e o futuro da governança empresarial também estiveram na pauta dos participantes
A capacidade de sobrevivência das empresas diante dos desafios como a transformação digital e as mudanças climáticas está atrelada à capacidade de reinvenção dos negócios. Essa é a mensagem do primeiro painel do evento Radar Reinvenção, evento organizado pela Academia FIESC de Negócios na sede da Federação das Indústria de SC (FIESC) em Florianópolis nesta quarta-feira, dia 3.
“Os desafios e as oportunidades que surgiram ou se intensificaram nos últimos anos exigem de cada um de nós, e da comunidade empresarial como um todo, um movimento de aceleração ainda mais forte e determinado”, afirmou o presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar. Para ele, é necessário estabelecer um pacto para assegurar melhores condições de infraestrutura, formação de mão de obra, exploração de mercados internacionais e acesso a crédito.
Confira a cobertura fotográfica do Radar Reinvenção.
Durante a manhã, o evento reuniu nomes de referência no cenário empresarial brasileiro, como Décio da Silva, da WEG; Marcelo Cioffi, executivo da PwC Brasil; Jorge de Freitas, da Intelbras; e o economista e diplomata Marcos Troyjo, entre outros.
A percepção de executivos de empresas do mundo todo é que nos próximos anos, mudanças associadas à tecnologia, às preferências dos consumidores e ao clima, entre outras, terão impacto muito maior na forma como os negócios criam, entregam e capturam valor. A análise faz parte do estudo global com mais de 4,7 mil CEOs organizado pela PwC e apresentado pelo sócio e líder de Mercados e Clientes da PwC Brasil, Marcelo Cioffi.
O economista e diplomata Marcos Troyjo acrescenta que estamos vivendo um momento de tensão global, decorrente ainda dos efeitos da maior crise de saúde pública global desde a gripe espanhola, a Covid-19. As respostas fiscais e monetárias, necessárias para combater os efeitos econômicos da pandemia, acabaram trazendo reflexos como inflação e valorização artificial da bolsa de valores e do mercado de imóveis.
Também alimentam esse clima de tensão os riscos geopolíticos, tanto os relacionados aos confrontos no Oriente Médio e a guerra na Ucrânia como os atribuídos à cadeia de suprimentos. Esse cenário de redução do diálogo, combinado com a necessidade de segurança e confiança em seus parceiros negócios, favorece um ambiente de policrise. “Mas um ambiente de policrise também é um ambiente de polioportunidades”, destacou.
Troyjo afirmou que Santa Catarina e o Brasil têm potencial para atender a futuras demandas globais de energia renovável e alimentos, por exemplo. São áreas em que temos diferenciais competitivos e podemos oferecer soluções para essas questões, que serão cada vez mais relevantes no futuro.
Governança corporativa
A governança corporativa no mundo empresarial é ‘poder compartilhado’. Esta é uma das conclusões dos executivos Décio da Silva, da WEG, Bruno Salmeron, da Schulz, e Jorge de Freitas, da Intelbras, que participaram do painel que abordou o tema.
“Brinco que Deus deveria ter nos dado dois olhos para olhar a curto prazo e o dia a dia e um com visão mais longa. Esse equilíbrio entre o curto e o longo prazo é o que todos nossos gestores devemos perseguir. As companhias precisam se preparar e fortalecer seus conselhos de administração. Compliance, controles internos e questões éticas são temas que devem ser tratados no conselho de administração”, alertou.
Novas gerações
Para Bruno Salmeron, diretor de operações da divisão automotiva da Schulz, a governança é uma pauta de família. Lá, a inserção no negócio de novas gerações ocorre aos 13 anos.
“Eu nasci nos fundos da empresa da minha família, que é italiana, e eu aprendi muito com as dores do meu avô, Bruno Ferrari”, contou. Salmeron compara a governança a uma ampulheta, com acionistas e conselho de administração numa ponta, planejamento e gestão estratégica na outra e o CEO que transita entre as duas extremidades.
“Muitas vezes as famílias não estão preparadas para receber profissionais, ainda que tenham carreiras brilhantes. Governança é alinhamento e esse é o papel do CEO”, frisou.
Conselhos de família
Jorge Freitas, que preside o conselho de administração da Intelbras, revela que a empresa não emprega familiares. “Formamos uma holding para apoiar a administração do negócio. Em 2019, passamos a contar com um sócio chinês e, em 2021, fizemos o IPO. Na sequência, estruturamos o conselho de família, o protocolo familiar e, recentemente, o governance officer”, detalhou Freitas, que revelou o desejo de ‘passar o bastão’ em breve.
Mais Radar
No período da tarde, o Radar Reinvenção contou ainda com a participação do presidente da Duas Rosas, Leonardo Zipf, o presidente do BRDE, João Paulo Kleinübing, e o CEO do PH Advisory Group, Paulo Herrmann, entre outros nomes da indústria.
O evento desta quarta-feira abre a série de encontros que vai ocorrer em outras quatro oportunidades:
- 13/6 em Chapecó, com o tema Descarbonização e Transformação Digital
- 4/7 em Jaraguá do Sul com o tema Infraestrutura e Mobilidade
- 20/8 em Criciúma, debatendo Transição Energética.
- 17 e 18 de outubro, encerrando a jornada, ocorre o Fórum Radar Reinvenção em Florianópolis, com o tema Indústria Mais Competitiva.
foto>José Somensi, Fiesc, divulgação