Genial/Quaest: Dividida sobre o governo Lula, Câmara reduz expectativa de aprovação de agendas
A segunda edição da sondagem Genial/Quaest “O que pensam os deputados federais” mostra a Câmara dividida sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (32% aprovam e 42% desaprovam), mais pessimista em relação à direção do Brasil (errada para 52%, certa para 38%) e unida na cobrança de melhor interlocução com o Planalto.
Para 64%, a atenção dispensada ao Congresso é menor do que a devida, contra 27% que consideram a atenção adequada. A maioria (77%) dos entrevistados foi recebida por algum ministro. Desse grupo, 33% conseguiram agenda mais de seis vezes e 44% informam que seus pedidos foram atendidos. Apesar disso, 43% dizem não ter interlocutor efetivo no governo.
A relação entre governo e Congresso é vista como negativa por 43% dos deputados e regular por 33%, com pequenas oscilações em relação à pesquisa anterior, de agosto de 2023. A avaliação positiva oscilou dois pontos percentuais para menos e ficou em 22%. No mesmo período, recuou de 56% para 47% o percentual dos que consideram altas as chances de aprovação de agendas do governo. Os que avaliam ser pouco provável a aprovação eram 37% em 2023 e são 47% agora.
A sondagem é a maior do gênero realizada no Brasil. Foram ouvidos 183 deputados federais em exercício (35% do total), em amostra proporcional à representação por região do País e às bancadas dos partidos políticos na Câmara dos Deputados.
A coleta foi realizada entre 29 de abril e 20 de maio, em entrevistas face a face e on-line através da aplicação de questionários estruturados.
A margem de erro é estimada em 4,8 pontos percentuais e o índice de confiança é de 95%.
Falta de interlocutor é queixa generalizada
A pesquisa perguntou aos deputados quem são seus interlocutores mais efetivos no governo. As respostas foram espontâneas. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, apareceu com 12% das menções.
Em segundo lugar vem o ministro das Cidades, Jader Filho, com 4%. Outros dez nomes foram citados, com participação entre 1% e 2%. São 43% os que dizem não ter interlocutor e 20% os que responderam “outros”.
Entre os que apoiam o governo, 26% não têm interlocutor; entre os Independentes, 28% responderam o mesmo; e na Oposição, o percentual chega a 76%.
Independentes pioram avaliações e expectativas
A principal mudança na avaliação do governo Lula aconteceu no grupo identificado como Independente. A avaliação negativa desse grupo subiu de 20% para 31%. O percentual dos que consideram o governo regular recuou de 59% para 52%. A avaliação positiva oscilou três pontos percentuais para baixo e ficou em 15%. Entre os governistas, 74% avaliam positivamente o governo e, na Oposição, 90% têm opinião contrária.
A percepção geral sobre os rumos do Brasil piorou. Para 52% o país está na direção errada (contra 42% em 2023) e 38% dizem que o rumo está correto (52% no ano passado). A maior mudança também aconteceu entre os Independentes. Em 2023, 46% desse grupo avaliavam que a direção estava correta, agora são 19%. Na pesquisa atual, 55% consideram o rumo errado, contra 40% no ano passado.
Entre os que apoiam o governo, 81% aprovam a direção do país (contra 95%) e, na Oposição, 93% desaprovam (contra 100% em 2023).
Economia no rumo errado
A política econômica está na direção errada para 55% e certa para 40% dos entrevistados. No bloco governista, 81% aprovam e 15% desaprovam os rumos da economia. Entre os independentes, a desaprovação é de 61%, e na Oposição, de 95%.
A pesquisa quis saber a avaliação dos parlamentares sobre o déficit zero e sobre a preocupação com a inflação. A maioria (80%) não acredita que o governo cumprirá a meta de zerar o déficit público em 2024. Sobre inflação, 54% dizem que o governo está preocupado e 44% que não se preocupa com esse tema.
Relação com o Congresso
A avaliação sobre a relação entre governo e Congresso é negativa para 43% dos deputados, regular para 33% e positiva para 22%. A atenção dada pelo governo aos parlamentares é menor do que a devida para 64%, adequada para 27% maior que o necessário para 4%. Na comparação com a pesquisa de 2023, cresceu a insatisfação do bloco Independente: 83% avaliam que o governo dá menos atenção do que deveria aos parlamentares, contra 67% em 2023.
Sobre as agendas do governo Lula, o bloco governista piorou sua avaliação. Em 2023, 87% acreditavam ser altas as chances de aprovação. Hoje, são 71%. Os que diziam ser baixas as chances eram 10% e são 27% hoje. Na oposição, o descrédito permanece em 74% e 21% acreditam ser altas as chances. Entre os independentes, há empate: 46% dizem ser baixas as chances de aprovação e 43% apostam no contrário.
Eleições municipais vão ocupar o tempo da maioria dos deputados
A pesquisa quis saber sobre os planos dos deputados para as eleições de prefeitos, e constatou que 80% pretendem se envolver muito com esses pleitos. Entre os governistas, são 88% os que dedicarão bastante tempo às eleições; no bloco Independente, 80% e na Oposição, 74%.
Regionalmente, a expectativa é a mesma: 85% da bancada do Nordeste, 79% do Sudeste, 66% do Sul e 86% da região Centro-Oeste/Norte planejam participar ativamente das eleições.
A maioria aposta que essas eleições serão marcadas pela polarização: 32% acreditam que haverá divisão como em 2022, 54% que haverá divisão menor do que na eleição presidencial e 11% acreditam que não haverá mais divisão entre as pessoas.