Produtores rurais, dirigentes sindicais, técnicos e outros representantes do setor produtivo catarinense participaram, na noite desta segunda-feira (27) de webinar sobre o “Cenário de oferta e demanda global e as perspectivas de mercado de carnes – boi”. A iniciativa foi da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), com a parceria da Safras & Mercado – maior referência no agronegócio brasileiro e de abrangência internacional.
O presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, assinalou que a palestra trouxe informações importantíssimas sobre a cadeia produtiva da carne. “Esse mercado movimenta expressivo volume de negócios e gera empregos em diversos setores da economia. Vive um momento difícil e é essencial compreendermos os desafios, as tendências e as oportunidades para que possamos tomar decisões estratégicas e assertivas”.
A apresentação foi conduzida pelo especialista graduado em Ciências Econômicas, Fernando Henrique L. Iglesias, que atua há cerca de 13 anos como analista da Safras & Mercados. Sua apresentação iniciou com abordagem sobre a atual situação econômica. Destacou que os Bancos Centrais ao redor do mundo vêm adotando uma postura comedida em relação à inflação, monitorando os números para agir, se necessário. “O FED já sinaliza para cortes da taxa básica de juros no decorrer do ano e a expectativa é que o corte comece em novembro”.
O especialista seguiu comentando que, apesar das instabilidades, o mercado aparenta ter assimilado toda a questão envolvendo os conflitos no mar negro e no Oriente Médio. “A economia chinesa está desacelerando e o Governo adota medidas para estimular o consumo. A China segue tentando reaquecer sua atividade econômica via crédito barato. O Governo da Argentina adota medidas que desvalorizam sua moeda e recolocam o país na rota das exportações de commodities – principalmente farelo e óleo de soja”, enfatizou.
Ao comentar sobre a situação do mercado doméstico, Iglesias frisou que o segmento do boi gordo se depara com queda de suas cotações no decorrer do mês de maio. “O mês foi positivo para a suinocultura com alguma recuperação nos preços e termina com preços firmes para a avicultura de corte. As exportações seguem agressivas, ajudando no escoamento de uma grande produção de carnes. Os custos apresentam alguma alta em meio às incertezas da safrinha, com greves na Argentina e com a tragédia no Rio Grande do Sul”.
Sobre a situação no Rio Grande do Sul, o palestrante realçou que o agronegócio gaúcho foi amplamente afetado pela tragédia que acometeu o estado. “No caso do setor de carnes, o cenário é delicado, com prejuízos estruturais, mortalidade de aves, suínos e outros animais. A continuidade das chuvas nos próximos dias é um ponto de preocupação. Para se recuperar com maior velocidade, o setor está pleiteando linhas de crédito”, afirmou.
As tendências de mercado para este ano também estiveram em evidência. De acordo com Iglesias, o Brasil produzirá volume recorde de carne de frango e carne suína em 2024. A produção de carne bovina será timidamente maior e o descarte de matrizes em 2023/2024 provocará mudanças no setor. O Brasil seguirá como melhor alternativa de fornecimento global de carne de frango e bovina e com excelente potencial de crescimento de volume embarcado para a carne suína. Também há potencial para o real mais desvalorizado em meio ao contexto geopolítico tumultuado, somado à questão doméstica. A situação dos concorrentes brasileiros coloca o Brasil em maior evidência nos embarques de carne bovina e de frango.
Outro ponto destacado pelo palestrante está relacionado aos problemas sanitários – fatores de risco que precisam ser mencionados. Por fim, também foram abordados assuntos como os preços médios de bezerros no Centro Sul; disponibilidade interna de carne suína e de carne de frango; alojamento de pinto de corte; os principais destinos da carne bovina e suína brasileira; análise da situação da China; entre outros.