Nos últimos 45 dias, Jorginho Mello e Jair Bolsonaro tiveram pelo menos umas quatro oportunidades em que conversaram reservadamente sobre a política estadual e a nacional.
Num desses encontros, o governador de Santa Catarina deixou muito claro ao ex-presidente da República que não deseja nenhum tipo de aproximação com o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, do PSD.
Jorginho inclusive relembrou Bolsonaro acerca do episódio de 2022, quando ele, candidato ao governo pelo PL, não conseguiu nenhum partido aliado para a disputa.
Foi ao pleito com Marilisa Bohem, de Joinville, como vice em chapa pura. E o próprio Jorge Seif, indicado por Bolsonaro, ao Senado.
Mas antes dessa indicação do 06 para concorrer à Câmara Alta, Jorginho foi alvo de uma articulação de João Rodrigues. O oestino queria encabeçar uma chapa com Luciano Hang ao Senado e Clésio Salvaro de vice, passando uma rasteira no então senador do PL.
Natimorta
Houve confabulações nessa direção durante umas duas ou três semanas. Ao fim, o dono da Havan declinou e o projeto entrou para a história como mais um natimorto.
Mas isso evidentemente incomodou Jorginho Mello e o enfraqueceu naquele momento de pré-campanha na busca por atrair aliados.
Sim
Considerando-se a sintonia fina, e também a intimidade que os dois têm tido nos últimos tempos, tudo leva a crer que Bolsonaro concordou. As informações que chegam são nessa direção. Nada de João Rodrigues estar na composição de 2026.
Capital do Oeste
O que ainda não estaria alinhavado é qual seria o comportamento do PL na eleição municipal de Chapecó este ano, quando João Rodrigues vai buscar a reeleição e é o favorito.
Tchau, querido
O fato é que houve um certo distanciamento entre Bolsonaro e o pessedista do Oeste. O prefeito de Chapecó não foi ao evento de desagravo a Bolsonaro em Copacabana, no Rio de Janeiro, diferentemente da Avenida Paulista, e também não marcou presença em Balneário Camboriú, durante a Páscoa, quando o ex-presidente passou um feriadão. Rodrigues não foi visto nem na visita subsequente realizada por Bolsonaro em Florianópolis, São José e Camboriú.
Incógnita
Como o PL vai agir? Os liberais sabem que João Rodrigues não vai abrir mão da vaga de vice. Já é dada como certa a escolha de Eron Giordani para o posto. Isso porque, se, em 2026, Rodrigues disputar realmente a majoritária estadual, ele renunciando à Prefeitura, o comando ficaria com o partido e o núcleo pessedista atual.
Petista
O favoritismo do prefeito é inquestionável. O PT resolveu buscar um encaminhamento diferente. Como Luciane Carminatti já disputou a prefeitura, assim como o federal Pedro Uczai, que já foi prefeito em mandato-tampão, a alternativa agora é a do deputado estadual Padre Pedro Baldissera.
Desconfiança
É zero a confiança do governador em João Rodrigues. Porque, uma vez reeleito, Jorginho Mello quer pilotar sua própria sucessão em 2030. Com João Rodrigues eleito senador em 2026, em chapa liderada pelo liberal, o prefeito de Chapecó certamente buscaria atropelar o governador naquela composição majoritária.