Rompimento definitivo, absolutamente inapelável. É assim que podemos definir a manifestação, nas redes sociais, do ex-prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro. Ele não buscou meias palavras e nem lançou mão de subterfúgios. Foi direto ao ponto.
Deixou muito claro que a atual gestão, que é resultado de sua renúncia para concorrer ao governo do Estado em 2022, com a investidura do prefeito Topázio Neto, teria perdido o rumo. E que os projetos essenciais para a cidade não mereceram continuidade.
E foi além. Falou em escolha errada, daquele voto de confiança que surpreendeu o criador em relação à criatura.
Ao final, depois de dizer que não tem compromisso com o erro dos outros, se referindo ao atual alcaide, Gean declarou que a história apenas está começando. Num tom, digamos, não ameaçador, mas sinalizando que ele deflagra agora uma nova caminhada. Completamente distanciada daquele que escolheu para vice na reeleição de primeiro turno em 2020.
Isolamento
Esse encaminhamento de Gean Loureiro ocorre num momento que seu partido, o União Brasil (UB), na figura dos três vereadores com assento na Câmara da Capital, bem como dos três deputados estaduais, ou seja, de seis mandatários do partido, defende a permanência da sigla na base de apoio do prefeito Topázio Neto. Como já vinha fazendo.
Tricotando
O próprio Gean, até pouco tempo atrás, vinha conversando, tricotando, negociando com o prefeito. Claro que o cristal já estava trincado. Mas uma saída foi tentada. Sem sucesso.
Negativo
Ocorre que Topázio não atendeu as exigências apresentadas por Gean, que já registramos na semana passada: apoio incondicional à sua candidatura a deputado em 2026 e a prefeito em 2028. Tanto por parte do prefeito como de seu partido atual, o PSD.
Demais
Como garantir um apoio para 2028 se a reeleição em 2024 ainda não aconteceu? E outra: o ex-prefeito pôs, à mesa, reivindicações de cunho pessoal e não partidário.
Tiroteio
Fazendo um balanço desse rompimento, não dá pra ignorar a densidade eleitoral e a liderança de Gean Loureiro na Capital.
Sobre a operação que atingiu em cheio Ed Pereira, seu ex-secretário, amigo e correligionário, isso pode provocar sim desgaste para ele. Agora se colocarmos tudo na balança, Gean vai ser um cabo eleitoral do benefício ou do prejuízo? Hoje é uma incógnita.
Pêndulo
A tendência seria fechar com Dário Berger, recém refiliado ao PSDB, com quem ele já esteve no passado. Depois se distanciaram em função de divergências.
Outros ares
O fato de Gean ter colocado um ponto final nas relações com Topázio se deve muito à aproximação do prefeito em relação ao governador. Inclusive assegurando a indicação de um vice do PL no projeto de reeleição.
Erro de cálculo
O que imaginava Gean? O PSD lhe apoiou para o governo em 2022, com ele na cabeça de chapa pelo UB. Agora seria o momento de o União retribuir. Só que o ex-prefeito vislumbra algo em torno do qual os pessedistas já andam muito desconfiados.
Desembarque
Topázio está encaminhadíssimo para buscar abrigo num partido que vai ficar no guarda-chuva do governador. Se não for o PL, presidido pelo próprio Jorginho, poderá ser o Podemos, que também estará sob o controle do governador, ou o Republicanos, que já está.
Antecipação
Gean não deseja ser surpreendido ou traído. Assim como vai ocorrer com o PSD a partir de 2025, uma vez confirmada a reeleição do atual prefeito. Então ele já está se antecipando.
Velhos amigos
Gean está fazendo uma escolha. Se desvincula de Topázio, aposta em Dário e se o tucano chegar lá, ele ajudou no processo. Se perder, também ajudou e nas duas hipóteses o projeto de Gean Loureiro é concorrer a deputado estadual em 2026. E avaliar como ficará o quadro na Capital para 2028.
Imagem> Padilha de Ramos Advocacia, divulgação