Depois de uma terça-feira, 8, muito tensa em Brasília, três fatos, dentre os muitos ocorridos, merecem especial atenção. No meio da tarde, noticiou-se que o petista Delcídio do Amaral, preso há 14 dias, contratou um advogado especialista em delação premiada. Se o senador fechar acordo neste sentido, a República pode vir abaixo. Ele é um dos mais profundos conhecedores dos meandros das maracutaias e dos desvios bilionários do mensalão e do petrolão.
Na sequência do sinal enviado por Delcídio, a Câmara dos Deputados reagiu às costuras do governo, que já havia praticamente fechado a sua comissão caseira para análise do impeachment, aprovando uma nova lista, esta recheada de oposicionistas. Ou seja, encaminhou-se a degola da ex-mãe do PAC. Relação de causa e efeito após o movimento de Delcídio? Tudo leva a crer que sim. Vendo o cenário deteriorar-se rapidamente, com a possibilidade do impedimento cada vez mais real, o PT acionou seu fiel escudeiro, o PCdoB, e recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em uma clara e nova interferência do Judiciário, o minstro Luiz Fachin (foto), de passado de militância na causa petista e indicado por Dilma ao cargo, determinou a interrupção dos trabalhos em torno do impeachment. Resumidamente, o magistrado suspendeu a formação e a instalação da comissão especial que irá analisar o processo. Fachin determinou que os trabalhos sejam interrompidos até que o plenário do Supremo analise o caso, votação que está marcada para a próxima quarta (16).
Segundo o ministro, ele suspendeu todo o processo do impeachment para evitar novos atos que, posteriormente, possam ser invalidados pelo Supremo, inclusive prazos.Um argumento nunca antes visto na história deste país. Um minstro do STF “julgando supostos atos futuros” e não fatos que já ocorreram! A conferir a reação do Parlamento e das forças vivas da sociedade.
Foto: Ag. Senado, arquivo, divulgação