Base consistente
Raimundo Colombo amargou vários dissabores na Assembleia, ao longo de quase todo o ano de 2015, considerando o comportamento de sua base aliada. Situação que começou a mudar radicalmente a partir de novembro, quando, estrategicamente, azeitou-se a articulação entre o Executivo e o Legislativo estadual.
Além dos secretários mais próximos entrarem no circuito diretamente com os deputados, o próprio governador voltou a receber os parlamentares. Todo o esforço, evidentemente, também passou pela liberação de verbas do Fundo Social para as prefeituras, atendendo pedidos da base aliada na Alesc.
Pronto. Como num passe de mágica, Raimundo Colombo aprovou o que bem entendeu no apagar das luzes do ano legislativo.
Tripé
Destaque para três propostas polêmicas e que pediram o uso da força policial, mais de 100 homens, para conter a fúria de manifestantes ligados ao serviço público: novo plano de carreira do magistério, com a descompactação da tabela salarial; a fusão dos fundos de previdência, embutindo o aumento das alíquotas de contribuição dos servidores de 11% para 14% até 2018; e a proposta que é o começo do fim das Secretarias Regionais, que foram enxugadas, esvaziadas e rebaixadas à Agências de Desenvolvimento Regional.
Ano histórico
No conturbado 2015, quando a maioria dos políticos está acuada ou chorando as pitangas pela falta de recursos, o governador de Santa Catarina tem muito a comemorar. As matérias aprovadas pela Assembleia garantem um fôlego no caixa estadual já a partir de janeiro. São ações preventivas em meio à gigantesca crise econômica, que projeta para 2016 números assombrosos.
Pé fora
A cúpula do governo César Souza Junior (PSD) vê as digitais do PP, ainda aliado do prefeito, na derrota sofrida na Câmara esta semana e que sepultou o projeto de venda da dívida ativa da prefeitura de Florianópolis. O negócio renderia algo em torno de R$ 150 milhões ao erário, oxigenando o último ano da gestão do pessedista, que é pré-candidato à reeleição.
Dupla
Segundo interlocutores do prefeito, coube à dupla Edson Caporal, intimamente ligado à ex-prefeita Angela Amin (que cogita seriamente disputar novo mandato), e ao vereador Pedrão a derrubada da matéria. Caporal, inclusive, alegando orientação partidária, recusou-se a defender o projeto na tribuna da Câmara. Esta semana, o blog do Prisco e a coluna alertaram para os movimentos da ex-prefeita, que sinalizaram nova candidatura. Estas novas notícias de bastidores complementam o contexto.
Exemplo
O deputado estadual Natalino Lázare está engajado na luta em prol dos municípios que sediam agroindústrias como a JBS e BRF, na tentativa de reverter a prática fiscal das empresas que emitem nota fiscal no valor de venda dos produtos nas filiais de exportação e não na unidade de origem, onde tem o processo fabril.
Nota na origem
O deputado trabalha para sensibilizar o governo no sentido de que a emissão das notas de venda sejam feitas e creditadas nos municípios produtores, como é o caso de Videira, Salto Veloso, Capinzal e Herval d’Oeste. “As cidades tem todo o passivo social destas empresas e é preciso que elas ofereçam a contrapartida através de seus impostos”, argumenta Natalino.
Reviravoltas
Enquanto o governo e os aliados em Brasília foram pegos de surpresa pelo voto do ministro do STF Edson Fachin, que não acatou nenhum dos pedidos do PCdoB em relação ao rito do impeachment, o deputado peemedebista Leonardo Picciani, considerado alinhado ao Planalto conseguiu retornar à condição de líder da bancada federal do Manda Brasa. É o samba do crioulo doido.
Enquanto isso
Mesmo com a corda no pescoço, o ainda presidente da Câmara, Eduardo Cunha, conseguiu uma vitória no STF, marcando o começo do rito do impeachment da ex-mãe do PAC para o dia 21 de dezembro, próxima segunda-feira.