Estamos cada vez mais próximos do grande dia 6 de outubro, domingo, data de eleições no Brasil e, claro, em Santa Catarina.
Muito se fala agora do voto útil. Normalmente, essa expressão é utilizada com mais frequência nos estertores da campanha, nas proximidades do grande dia.
No território catarinense, assim como já acontece em vários municípios pelo Brasil, especialmente nas grandes cidades, já observamos este fenômeno. Particularmente em dois deles.
Em Lages, a candidatura favorita é a da deputada federal Carmen Zanotto, do Cidadania, com vice do Podemos e respaldada pelo PL.
Contra ela, três nomes de oposição, sendo que uma dessas candidaturas surgiu na undécima hora. Estamos falando do ex-prefeito Elizeu Mattos, do MDB, o único em condições reais de rivalizar com Carmen Zanotto.
Os postulantes do União Brasil e do PT aparecem bem atrás nas pesquisas.
Indeferimento
O TSE, registre-se, indeferiu, na noite de quarta-feira, o pedido de registro da candidatura de Elizeu Mattos. Mesmo assim, o nome dele vai estar nas urnas, pois o processo ainda não transitou em julgado. O emedebista ainda pode entrar com embargos de declaração e recorrer ao STF. Ou seja, o desfecho só vai ocorrer depois das eleições. Mas é evidente que é um duríssimo revés contra o ex-prefeito.
Descarregando
Nesse contexto, houve um registro fotográfico dos três, Elizeu Mattos, Lio Marin (UB) e a candidata do PT, em conversa de bastidores. Especulou-se até que Lio Marin, apoiado pelo PSD do prefeito Antônio Ceron e do ex-governador Raimundo Colombo, poderia retirar a candidatura. Improvável.
Aposta
Mas, de qualquer forma, eles podem estar tricotando para descarregar em Elizeu. Inclusive a candidata do PT. A ofensiva, em tese, tornaria o postulando do MDB mais competitivo. Agora é de causar espécie essa possibilidade, já que as diferenças ideológicas e de princípios programáticos são escancaradas. O trio citado milita no PT, no União Brasil e no MDB.
MDB na baila
Há outro município, Criciúma, com quadro semelhante ao do tal voto útil. Ali, o PP lançou um nome, que não decolou. Está com um percentual baixíssimo nas pesquisas. Existe, contudo, o nome do MDB. É o partido do atual prefeito, Ricardo Fabris, que vai completar o mandato considerando-se o despacho, a sentença da desembargadora relatora da operação que investiga corrupção nas funerárias em vários municípios.
Desfecho
Investigação que alcançou a municipalidade de Criciúma e que implicou na prisão de Clésio Salvaro, já libertado. Na sentença, a desembargadora Cinthia Bittencourt Schaefer deixa bem claro que o afastamento dele é por 120 dias. Ou seja, vai além do prazo em que expira o seu mandato, 31 de dezembro. Então, Ricardo Fabris vai completar o mandato.
Interação
Jorginho Mello cumpriu agenda, essa semana, em Criciúma. Interagiu em vários momentos com o prefeito. Há quem possa perceber aí, além daquele apoio natural e convencional da máquina, que Ricardo Fabris pode estar no entendimento com o candidato do MDB para que o voto útil seja na direção de outro Ricardo, o Guidi, candidato do PL que polariza a disputa com Vaguinho Espíndola, do PSD.
Preterido
Sempre lembrando que Ricardo Fabris já pertenceu ao MDB no passado. Voltou recentemente às fileiras do Manda Brasa porque foi ignorado olimpicamente este ano. Não só por Clésio Salvaro, de quem foi vice em dois mandatos, e que desconsiderou seu nome para a sucessão, como também pelo próprio PSD.
Fila
Aliás, o prefeito afastado primeiro escolheu um nome. Retirou o cidadão da parada e colocou a segunda opção na praça, Vaguinho. Ou seja, Ricardo Fabris não estava no radar. Nem de Salvaro e nem do seu ex-partido que, antes de fritar Ricardo Guidi, deputado federal, candidato natural à prefeitura e que era o presidente do PSD em Criciúma, fritou primeiro o vice-prefeito eleito e hoje no exercício do mandato, Ricardo Fabris.
Incógnita
De modo que nessa reta final o voto útil poderá ser utilizado tanto em Lages quanto em Criciúma. Se vai surtir efeito ou não, só o tempo dirá.