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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E PARTICIPAÇÃO POPULAR: PILARES DE UM GOVERNO EFICAZ E INOVADOR

Quando estamos à frente de uma prefeitura, seja ela de uma cidade grande, média ou pequena, muitas angústias, dúvidas e incertezas nos atormentam a cada tomada de decisão e nossa capacidade de bem administrar é colocada constantemente à prova. Estar à frente de um governo requer serenidade e visão, requer capacidade de processamento técnico e político. No tumultuado dia-a-dia a que nos impõe a máquina pública, nos cercarmos de instrumentos que nos ajudem neste processamento é fundamental, eu diria essencial.
Por falta de planejamento, ou por falta de crença no planejamento, muitas administrações perdem tempo e muitas oportunidades, repetindo erros que um mínimo de processamento técnico-político ajudaria a evitar. Outras vezes, a falta de planejamento deixa passar oportunidades raras na elaboração e execução de políticas públicas municipais. Situações que poderiam ser evitadas através do planejamento e da humildade em buscar a experiência e o conhecimento já produzido. A armadilha da acomodação só pode ser superada com planejamento e com a decisão de nos desafiarmos sempre como gestores.
Partindo do pressuposto de que é praticamente impossível resolvermos todos os problemas existentes em nosso município ao mesmo tempo e com a mesma dedicação e intensidade, o planejamento e o processamento político nos possibilitam a lucidez de optarmos pelas medidas que serão estratégicas e fundamentais para o momento. Isso significa que estratégia sempre tem a ver com opções, seleções e decisões.
Em 2008, quando chegamos à prefeitura de Brusque, uma de nossas primeiras ações foi apostar no Planejamento Estratégico, delineando o projeto político dos quatro anos que teríamos pela frente. Hoje, posso afirmar que ter planejado os primeiros passos e mantido uma sistemática de momentos de avaliação e reavaliação do planejamento com o colegiado foi fundamental para manter a unidade de ação do governo e não perder o rumo, nos momentos de crise. Turbulências e crises acontecem, pois não somos capazes de controlar todas as variáveis que impactam sobre um governo municipal. A crise econômica mundial de 2008, por exemplo, afetou as transferências constitucionais nos anos seguintes e sobre isso não há nada que um governo municipal possa fazer, mas podemos agir localmente, dentro do nosso espaço de governabilidade, e amenizar estes impactos, desde que estejamos solidamente assentados sobre um plano estratégico.
Esta atitude nos demonstrou que o sucesso de um governo requer dos governantes capacidade de planejar. Planejamento como uma forma imprescindível, e necessária, para a conquista de crescentes graus de liberdade sobre o futuro; como forma de ação no presente e não de adivinhação do futuro; como uma reflexão que preceda e presida a ação.
Uma aliada fundamental do planejamento da cidade é a participação popular. Ao construir uma via de mão dupla entre governo e sociedade, estabelece-se um método em que as políticas públicas ajuda a sociedade a se organizar e esta ajuda o governo a governar. Assim, a participação popular e cidadã configura-se num princípio importante para um salto de qualidade na gestão governamental. Por isso, as metodologias de planejamento utilizadas pelo gestor público devem fomentar e ampliar a participação política efetiva da população, levando o cidadão para o centro do governo, dando-lhe oportunidade e poder de decisão sobre qual o projeto estratégico da cidade que se quer, sobre onde aplicar os investimentos e quais as melhores políticas públicas. Incentivar a participação popular e cidadã e o controle social é instituir na cidade uma cultura democrática e transformadora na vida pública.
O planejamento traz com ele a capacidade de direcionamento e de instrumentalização, frente aos desafios diários que um governante está submetido. Ele oferta a nós gestores e às nossas equipes, uma ferramenta de informações para a tomada de decisão. O planejamento é, sem dúvida, a ferramenta adequada para auxiliar os governos locais, mas, também nos demais níveis, no processamento técnico-político para a gestão estratégica. Assim, planejar é tornar presente o futuro e é essencial, como ponto de partida para uma administração eficaz.
É em nossos municípios que as pessoas vivem. É lá que materializam suas alegrias, vivências e seus sonhos. É neste espaço da cidade que elas sentem, objetiva e subjetivamente, os reflexos dos governos e dos desgovernos, de nossos acertos e equívocos. Temos sob a nossa governabilidade uma responsabilidade imensurável: a de fazer feliz aqueles que nos deram o seu voto de confiança.

Paulo Eccel, Prefeito de Brusque/SC

bruno dori

Foto: Bruno Dori