O Dia D
No dia 6 de junho de 1944, cerca de 100 mil soldados aliados (EUA, Inglaterra e França), com o apoio de 6 mil navios e 5 mil aviões, desembarcaram na costa da Normandia, França, abrindo uma nova frente da segunda guerra mundial. Até hoje, a data é lembrada como dia D, quando a virada em cima de Hitler e cia começou de fato.
Hoje, 29 de março de 2016, pode ser o dia D para Lula da Silva, Dilma e o PT. Tudo depende do quase ex-aliado, o PMDB. Se o partido realmente sacramentar o desembarque da nau governista, os dias do trio citado acima estarão contados. Caso haja uma reviravolta, improvável até segunda ordem, a barcaça governista ganhará algum fôlego.
Maior sócio da aliança que se reelegeu em 2014, o PMDB tem sete ministérios. Tinha mais de um terço dos cargos federais (alguns já pularam fora, como é o caso dos catarinenses) e tem entre suas fileiras o vice-presidente. O temeroso primeiro-ministro informal de um regime presidencialista, Lula da Silva, está atuando no varejo, distribuindo cargos e emendas para tentar segurar não só os peemedebistas, mas outros partidos como PP, PR, PSD, PTB etc e tal.
Efeito dominó
O temor do Planalto é o chamado efeito dominó. Se o PMDB sair do governo, outras legendas também deixarão a esplanada e seus cargos apetitosos. Evidentemente que esse efeito trará reflexos imediatos na votação do impeachment. O governo faz as contas e não tem certeza de que poderá contar com os 171 votos necessários para evitar a degola de Dilma Rousseff.
Não segura
Lula e amigos já perceberam que se o impeachment passar na Câmara, não haverá como desativar a guilhotina no Senado. Eunício Oliveira, sucessor do claudicante Renan Calheiros na presidência da Câmara Alta, já avisou que está com a foice em punho.
Bastião
Os petistas foram para o varejinho, negociando individualmente cargos e verbas, depois que o diretório do PMDB do Rio de Janeiro, que tem 12 dos 118 votos do diretório, anunciou a debandada do governo. Era o segmento manda-brasista mais fiel a Dilma.
Arrocho
Raimundo Colombo seguiu ontem à noite, 28, para Brasília. Ele e seus principais assessores receberam com muita preocupação a minuta do contrato para a renegociação da dívida estadual. No documento, constam vários itens que não entraram na pauta das negociações das últimas três semanas e que foram exaustivamente noticiadas. Mesmo tendo capacidade de financiamento, se o Estado subscrever o acordo não poderá fazer novos financiamentos; não poderá contratar novos servidores e tampouco dar aumento salarial aos que já atuam na máquina estatal.
Tripé
Três outros itens, contudo, chamaram mais a atenção: assinada renegociação da dívida, o Estado está impedido de fazer promoções de servidores, será obrigado a acabar com o adicional por tempo de serviço e jamais poderá conceder a licença-prêmio. O governo até reconhece que são medidas necessárias. Mas não há condições, avalia o Centro Administrativo, de implementar tudo numa tacada. Muito menos na atual conjuntura.
Engodo
Para completar o mimo federal, a minuta prevê que os 40% anistiados nas parcelas mensais, depois de 24 meses, terão que ser restituído, pagos mesmo após os dois anos. Ou seja, a proposta do Planlato é só jogar o débito pra frente, enrolar os estados e os contribuintes. Aliás, era essa a proposta de reforma que Joaquim Levy queria implementar e o PT não aceitou, defenestrando o banqueiro do Ministério da Fazenda.