O Brasil precisa descobrir que a educação tem que ser de qualidade e para todos, além de ser uma questão nacional, pois é o principal vetor do progresso. Essa foi uma das teses defendidas pelo senador Cristovam Buarque que participou dos debates sobre educação na tarde desta quarta-feira (18), primeiro dia da Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense. O evento é promovido pela FIESC e aborda também qualidade de vida, inovação e tecnologia, além de ambiente institucional.
“A educação faz o verdadeiro recurso do progresso que é o conhecimento”, afirmou o senador que sugeriu a federalização da educação como alternativa para elevar a qualidade do ensino. “É preciso criar um novo sistema como são as 440 escolas federais brasileiras, que são muito boas, como as escolas técnicas e os institutos de aplicação. E isso só vai ser possível quando for um projeto brasileiro e não apenas estadual ou municipal”, pontuou. Buarque afirmou ainda que, pelo atual estágio da educação brasileira, é difícil obter um salto em melhoria. “Estamos ficando para trás. Temos que fazer uma revolução, e não uma evolução. As escolas devem ser federalizadas por cidade, como a China está fazendo. Em 20 anos, 30 no máximo, teremos implementado no Brasil inteiro e custaria R$ 520 bilhões, ou 6% do PIB”, exemplificou.
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Na abertura do evento, o presidente da FIESC, Glauco José Côrte destacou dados do relatório Future of Survey (2016), organizado pelo Fórum Econômico Mundial, que aponta a tendência de que mais de 5 milhões de empregos serão perdidos em decorrência das mudanças disruptivas no mercado de trabalho durante o período de 2015-2020. “Já estamos vivendo esse processo. Segundo esse relatório, 30% dos empregos atuais não existiam há 10 anos e 65% das crianças de hoje vão se empregar em ocupações que não existem ainda. As novas formas de produção exigirão profissionais com características diferentes das atuais formações”, salientou Côrte. “Nossa convicção é de que o futuro das crianças está acontecendo hoje. Como a sociedade está se preparando para isso? Hoje nós estudamos uma profissão a vida inteira. Amanhã, precisaremos estudar a vida inteira para ter uma profissão”, acrescentou.
Rafael Lucchesi, diretor de educação e tecnologia da CNI, refletiu sobre o tímido avanço registrado pelo Brasil nos índices educacionais e defendeu educação e inovação como apostas importantes para o país. “O que os empresários têm que fazer é discutir a escola que o Brasil precisa. Todos os países discutem o sistema educação. Se a educação é um elemento chave da inserção dos países no futuro, certamente, toda a sociedade tem que participar. Observamos no Brasil que esse diálogo precisa ser mais ampliado”, afirmou.
A educação é percebida pelo empresário como um dos principais fatores de competitividade, de acordo com pesquisa elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Estudo da International Labour Organization mostra ainda que países com um ano a mais de escolaridade têm produtividade do trabalho 25% maior. “A educação profissional ainda é escolha de poucos no Brasil. Apenas 11,1% optam por essa modalidade de formação, enquanto que em países como a Áustria esse índice chega a 76%”, comparou Lucchesi.
O secretário de Estado da Educação, Eduardo Deschamps, destacou a relevância do Movimento Santa Catarina pela Educação. “O presidente Glauco tem dado uma aula sobre como cuidar da educação em Santa Catarina”, afirmou. Deschamps apontou ainda temas que precisam avançar. “Temos excesso de teoria em detrimento de práticas pedagógicas e a base nacional comum deve mexer com as escolas”, disse. Outros desafios citados pelo secretário são a gestão escolar, que inclusive é tema das ações do Movimento neste ano, o uso da tecnologia no ambiente escolar, além da gestão eficiente de recursos.
Ao final do evento, Buarque e Lucchesi participaram de debate sobre a produtividade impulsionada por meio da educação mediada por Mozart Ramos, conselheiro do Movimento Santa Catarina pela Educação e diretor do Instituto Ayrton Senna.