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Horário de Verão e os prejuízos

De ponta a ponta no meu Estado de Santa Catarina, por onde passo, sou abordado por inúmeras pessoas que reclamam do Horário de Verão. Em outros Estados, a situação se repete. Não são poucos os descontentes e, junto com eles, vieram os estudos e situações de risco. Foram os relatos que deram origem ao Projeto de Lei 397 de minha autoria que tramita na Câmara dos Deputados pelo fim do Horário de Verão em todo o Brasil.

Com o Horário de Verão que iniciará no dia 16 de outubro e prossegue até 19 de fevereiro do ano seguinte, as pessoas acordam mais cedo, dormem mais tarde e com esta mudança de rotina surge uma série de problemas. Quem acorda normalmente às 6h30 da manhã passa a acordar as 5h30 e tem seu sono reduzido em uma hora, justamente naquela última hora em que o sono é mais prazeroso, profundo e revigorante.

As pessoas acordam mais cansadas e isso interfere em todas as atividades laborais e escolares. Aumenta o sono, o estresse, diminui produtividade e altera-se o humor. O efeito em crianças e idosos costuma ser maior. Para quem trabalha no campo e na lavoura, que costuma acordar ainda mais cedo que moradores de áreas urbanas, as mudanças são ainda mais perversas.

Os que defendem o horário diferenciado relacionam as práticas de lazer possíveis ao fim do dia. O que não se pode é deixar que este desejo pessoal seja mais importante do que uma série de fatores negativos causados pela mudança de horário.

A resposta para as vantagens de se adiantar os relógios por uma hora durante 126 dias são ínfimas se comparados aos estragos na saúde e segurança das pessoas. Estudos apontam que as alterações de horário da bioatividade humana ocasionam distúrbios orgânicos, a exemplo de fadiga, dores de cabeça, confusão de raciocínio, irritabilidade, constipação e queda da imunidade. São análises dos malefícios publicadas por artigos científicos nacionais e internacionais. Portanto, o relógio biológico controla um grande número de funções vitais do organismo. Um bom sono está diretamente ligado a uma melhor qualidade de vida.

Estudos respeitados, como o da Comissão de Energia da Califórnia (EUA), divulgado na Scientific American, apontam que não existe economia com o horário de verão. A Rússia aboliu o horário diferenciado desde 2011; alegando consequências à saúde da população. Após 30 anos de horário de verão, a Academia Russa de Ciências Médicas revelou que a alteração dos relógios contribui para o aumento de 1,5 vezes em ataques cardíacos, 66% na taxa de suicídios e efeito maior na saúde de crianças e idosos com estresse, distúrbios do sono, cardiovascular e imunológico. O The England Journal of Medicine publicou o aumento de 5% nos ataques cardíacos na primeira semana do horário de verão.

Na Câmara dos Deputados, o PL 397 continuará tramitando junto com a defesa de levar o tema em audiências públicas com especialistas, ouvindo, por exemplo, médicos e engenheiros elétricos. Posteriormente, mobilizaremos a Câmara para promover consulta pública de norte a sul do Brasil, nas cidades e no interior, permitindo que o povo opine sobre o tema.

Cabe ao governo compreender que os gastos com a saúde são muito maiores que a falaciosa redução de consumo de energia e quem paga a conta é o Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Valdir Colatto, Deputado federal

 

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