Os tais vazamentos seletivos de delações premiadas fechadas entre suspeitos de corrupção grossa e o Ministério Público Federal transformaram-se num acinte, numa barbaridade, numa ilegalidade flagrante e praticada constantemente como se fosse normal. Com a cumplicidade de jornalistas e veículos de comunicação, ressalte-se.
Na sexta-feira passada, o site de notícias da Globo, o G1, deu destaque para a informação de que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) teria autorizado abertura de inquérito para investigação do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo. Seria no contexto das delações da Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato.
Durante parte do fim de semana o assunto ocupou espaços generosos na mídia nacional, local e nas redes sociais e grupos de whatts app. Inclusive, com casos de baixaria, ironia imbecil e condenação prévia e absoluta.
Pois bem, agora o próprio STJ vem a público manifestar-se no sentido de que o governador não foi alcançado pelo inquérito em questão, peça processual onde o principal envolvido é um ex-assessor da Casa Civil. Maravilha. Mas quem vai pagar pelo estrago na imagem do governador, que teve a honra enxovalhada por um erro grosseiro? Com a palavra, o Ministério Público.
Pivô
O inquérito em questão tem como pivô um ex-funcionário da Casa Civil do governo de Santa Catarina, que já havia sido conduzido coercitivamente em março deste ano para depor à Polícia Federal. Os investigadores alegam que ele teria recebido R$ 1 milhão da Odebrecht, afirmação que ele nega.
Dentro da lei
Importante frisar que a coluna é absolutamente favorável às investigações e que elas cheguem o mais fundo possível. E que os envolvidos em corrupção paguem com todo o rigor da lei. Agora, não dá mais para tolerar este tipo de vazamento ilegal e bárbaro. Ainda se vazassem alguns trechos aqui e ali, o estrago seria bem menor. Mas no caso de Cláudio Melo Filho, ex-homem forte da empreiteira de Marcelo Odebrecht, por exemplo, um semanário tradicional trouxe a delação dele na íntegra, em 82 páginas! Absurdo.
Carroça e bois
A via correta para este tipo de situação é que a divulgação das delações fique a cargo da Justiça. Somente depois de devidamente homologadas e desde que não atrapalhem o andamento dos processos. No contexto atual, a carroça está na frente dos bois, pois toda a sociedade toma conhecimento dos detalhes antes mesmo do juiz.
Sala-cofre
Já estão trancafiados numa sala-cofre do Supremo Tribunal Federal (STF), os 800 depoimentos, todos gravados e documentados, dos 77 delatores da empreiteira Odebrecht que firmaram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Caberá ao catarinense de Faxinal dos Guedes, ministro Teori Zavascki, homologar ou não as delações. Ele já avisou que sua equipe vai arregaçar as mangas em janeiro, durante o recesso do Judiciário.
Projeções
O futuro da política tupiniquim, que não é nada promissor, está na sala-cofre e no que Teori e seu assessores farão com o material. Pelos prenúncios vazados, as projeções são para mais um ano devastador na política que, evidentemente, deve contaminar a economia. É de bom alvitre continuar com os cintos bem apertados, pois a aeronave Brasil está sob comando frágil. Já perdeu a pilota e pode ficar sem o co-piloto e os comissários de bordo em 2017!