“A indicação do ministro da justiça Alexandre de Morais [PSDB] para o STF traz à ‘luz do dia’ o desejo deste governo ilegítimo para interferir na operação Lava Jato”. A afirmação foi feita pelo deputado federal Pedro Uczai (PT/SC) após a confirmação de que Michel Temer (PMDB) escolheu o tucano paulista para compor o colegiado da Suprema Corte na vaga deixada pelo ex-ministro Teori Zavaski, morto em acidente aéreo no litoral do Rio de Janeiro no último mês.
A escolha foi feita com critérios políticos e está na contramão do que a sociedade brasileira espera de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Morais é filiado ao PSDB e pertence ao alto escalão do governo Temer que possui todo o seu núcleo político envolvido nas investigações da operação Lava Jato, inclusive o próprio presidente citado 43 vezes na delação de um executivo da Odebrecht, Cláudio Melo Filho. Pesa contra o atual presidente a suspeita de recebimento de R$ 10 milhões da maior empreiteira do país.
CORRUPÇÃO
O parlamentar lembrou que uma das narrativas construídas na sociedade para afastar a presidenta Dilma Rousseff do cargo foi o combate à corrupção. “Na verdade Dilma caiu justamente por fortalecer as instituições públicas e adotar medidas a fim de frear a corrupção no setor público. Ela não interferiu nas investigações da Lava Jato. A cada gesto do presidente que aí está fica mais claro que eles golpearam a democracia para tentar se proteger do envolvimento com a corrupção”, destacou Uczai.
A indicação do tucano deve passar por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Dentre os integrantes do Colegiado estão oito senadores do PMDB e outros três do PSDB, que majoritariamente, já foram citados por delatores no âmbito da operação lava Jato. “É o acordo para ‘estancar a sangria’ sugerido pelo senador Romero Jucá [PMDB/RR] que está se confirmando,” analisou. O indicado, Alexandre Morais, já atuou como advogado de Eduardo Cunha (PMDB), que está preso, e de cooperativas ligadas ao crime organizado do PCC.