Astuto, esperto, eloquente. Todas essas qualidades de Lula da Silva, contudo, não foram suficientes para convencer o distinto público sobre sua alegada inocência no caso do tríplex do Guarujá, que teria sido ofertado ao ex-comandante como forma de propina por três contratos da OAS na Petrobrás.
Houve quem questionasse o fato de um ex-presidente estar prestando interrogatório sobre questiúnculas como as do rumoroso apartamento na badalada praia paulista. É, de fato, uma humilhação. À qual o ex-metalúrgico teve que se submeter por ser o suspeito de comandar o maior esquema de corrupção já descoberto. Ah, mas não tem prova, exclamam os lulo-fanáticos. Mas existe uma infinidade de indícios. A fartura do material indiciante é o caminho para a construção da prova.
Sempre tentando parecer mais esperto do que o juiz Sérgio Moro, que conduziu a oitiva com maestria, sem sobressaltos ou arroubos, Lula da Silva caiu em várias contradições. E não convenceu absolutamente ninguém em sã consciência. Principalmente sobre documentos comprometedores – como uma opção de compra de imóvel no prédio do Tríplex, de 2004, achada em seu apartamento de São Bernardo do Campo! Tentando dar respostas curtas, o guru do esquerdismo do Sul do mundo foi sendo emparedado pelo magistrado. E começou uma nova leva de não sabia, não vi, não é comigo, não me lembro, no melhor estilo Lula da Silva. Além de praticamente incriminar a falecida ex-mulher. Repugnante e vergonhoso!
Parcela
O jeitão de Lula da Silva, aliado à sua esperteza, continua agradando uma parcela do eleitorado. São setores minoritários e geralmente barulhentos.
Duque
O fundador do PT também caiu em contradição sobre sua relação com Renato Duque (o que ficou muito mal para ele) e ainda sobre quem iria avisar o dono da OAS, Léo Pinheiro (não era um vendedor, portanto, e sim o chefão de uma das maiores empreiteiras do país), de que o casal não iria ficar com o triplo “Minha Casa Minha Vida.” À Polícia Federal, Lula da Silva afirmou que ele comunicaria a negativa. Diante de Moro, mudou a versão, repassando a responsabilidade à falecida Marisa Letícia.
Como assim?
Outro momento vergonhoso do interrogatório foi quando o ex-líder sindical, tergiversando, afirmou que entre 2005 e 2013 praticamente não havia falado com a mulher – com a qual completaria 50 anos de casado – sobre o apartamento (primeiro um simples e depois um tríplex) no Guarujá.
Datas
Sérgio Moro agora tem até julho para proferir a sentença sobre o caso do Tríplex do Guarujá. Se for pela condenação de Lula da Silva, o processo segue para a segunda instância, o TRF4 em Porto Alegre. Ali, os magistrados terão prazo de um ano para confirmar ou não a possível condenação. No caso de manter a hipotética condenação, o despacho pode ocorrer em julho de 2018, na antevéspera do prazo fatal para as convenções homologatórias.
Frase do ano
“Eu nem sabia que tinha tido a visita, doutor. Não sei se o senhor tem mulher, mas nem sempre elas perguntam pra gente o que vão fazer.” Lula da Silva
Dúvida
Você, leitor, se tivesse um documento de opção de compra de um imóvel em sua casa, saberia do que se trata?