O Relatório de Competitividade Global 2017 do suíço IMD, (uma das mais renomadas escolas de administração do mundo,) mostra o Brasil ocupando a 61ª posição entre 63 países pesquisados, à frente apenas da Mongólia e Venezuela. Como outros rankings, aponta a quinta queda consecutiva. Na questão “eficiência governamental” estamos na penúltima posição, ganhando somente da Venezuela. E apesar de termos a oitava maior verba pública para educação, ficamos na 62ª posição na qualidade do ensino. Significa que gastamos muito, mas gastamos mal. Também na saúde, na segurança e por aí vai.
Isso é fruto de uma escolha errada por um Estado assistencialista e grande demais, que ao invés de ficar forte para bem conduzir um país grande, ficou obeso e ineficiente, refém das corporações que transformaram a máquina pública em um fim em si mesmo e não em um instrumento para prestar serviços à sociedade. Essa escolha levou o governo a um processo interminável de transferência de recursos da sociedade para cobrir aumentos de gastos públicos, comprometendo a produtividade, empobrecendo a sociedade e levando à atual crise fiscal.
O governo optou por gastar os recursos que deveriam ser investidos, para garantir a competitividade do país. Em 2016, a taxa de investimento foi de 15,6% do PIB, a menor da série iniciada pelo IBGE em 1995. Deveríamos investir 25%, como acontecia em algumas décadas da segunda metade do século passado. O reflexo disso é na produtividade, é claro. Segundo estudo coordenado pelo professor Fernando Veloso do IBRE/FGV, abrangendo 35 segmentos dos setores da agropecuária, indústria e serviços, de 1950 a 1980, o Brasil teve ganhos de produtividade médios de 3,5%, número que caiu para 0,5% ao ano nas duas décadas seguintes, e para -0,3% a partir de 2010. De acordo com a pesquisa, o problema é sistêmico e afeta os 35 segmentos.
O economista Ruchir Sharma, do Banco Morgan Stanley, afirma que o Brasil errou em tudo o que a China acertou: dependência de commodities, Estado grande demais e economia muito fechada. E que, por gastar demais em bem estar social, não sobram recursos para infraestrutura, destacando a importância da Reforma da Previdência. Certamente o gastar mal leva ao gastar demais.
Fomos perdulários e ineficientes por tempo demais. Não temos escolha a fazer as reformas. Ou melhor, a alternativa é pagar ainda mais caro mais para frente. Independente das turbulências políticas, o governo tem a obrigação de persistir no esforço para viabilizá-las. E o Congresso tem a responsabilidade de ampará-las, e aprovar o que for bom para o país e não para partidos ou corporações. Priorizar interesses eleitoreiros nesse momento é fugir às obrigações cívicas e de cidadania.
Carlos Rodolfo Schneider, empresário e coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE); crs@brasileficiente.org.br