Sempre causou estranheza a sanha do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na direção do PMDB. Não se trata aqui de defender ou tentar inocentar A ou B. Mas desde que Michel Temer assumiu a presidência, ficou nítida a atuação do PGR para atingir figuras de proa do partido. Que devem responder e serem enquadrados rigorosamente na forma da lei se comprovadas as gravíssimas denúncias que envolvem parte do staff de “primeira linha” de Temer. E o próprio presidente.
No afã de derrubar o presidente, Janot entrou no jogo dos bandidos Batista – que, como várias vezes se registrou aqui, já deveriam estar presos há muito tempo. De forma açodada, concedeu todos os benefícios em troca de uma gravação que pudesse incriminar Michel Temer. O PGR praticamente “esqueceu” dos processos e denúncias envolvendo próceres de outras legendas como PT, PSDB, PP, PSD, PR e por aí vai.
A reviravolta do caso nesta semana deve obrigar Janot a rever a demasiada benevolência com os bandidos-gerais da República, que ergueram um império improvável na era PT, à base de empréstimos bilionários e camaradas do BNDE; e do apoio, nos bastidores, do duplamente condenado José Dirceu. Além de corrupção a granel. Janot errou, sabe disso e está tendo a grandeza de admitir.
Materialidade
Na modestíssima opinião da coluna, Janot precisa recuar, sim, e pedir a prisão da dupla Batista e outros diretores da JBS. O que, como ele mesmo já deixou claro, não anula as provas coletadas aqui na delação dos bandidos-mor da República JBS. Mas não há como negar que, politicamente, Temer pode se beneficiar da derrapada do PGR.
Reformas
O mercado reagiu positivamente à divulgação das novas gravações de Joesley Batista e seu diretor Ricardo Saud, notórios delatores e bandidos. Estima-se que o enfraquecimento da denúncia e do próprio Rodrigo Janot pode facilitar a Reforma da Previdência. Muito calma nessa hora, senhores. Temer segue denunciado e tendo que responder pela truncada conversa que manteve com Joesley nos subterrâneos do Palácio do Jaburu e na calada da noite. Assim como parcela considerável da cúpula do PMDB segue na mira da Lava-Jato e afins.
Ponto para ele
O recuo de Rodrigo Janot e a decisão de tornar pública a gravação “espontânea” de Joesley e Saud mostra que as convicções do procurador não estão acima dos fatos. Até porque, como o próprio presidente já havia acusado, o ex-braço-direito de Janot, Marcelo Miller, parece estar envolvido até o pescoço na corrupção graúda que produzia (será que ainda produz?) a JBS.
É mais grave
Uma cabeça coroada do PMDB Barriga-Verde disse à coluna que, apesar de dificilmente o partido largar os cargos no governo estadual agora, a insatisfação é generalizada e pode culminar com uma espécie de rebelião da bancada na Alesc. A conferir!
Legado
A Copa do Mundo e a Olimpíada no Rio de Janeiro deixaram apenas um grande legado: roubalheira bilionária do dinheiro público.
Silêncio
Vice-governador Eduardo Pinho Moreira foi para a rádio, na terça-feira posterior à convenção estadual do PP (21 de agosto) prometendo revelar “coisa pesada” nos bastidores. Os pepistas aprovaram moção de compromisso de aliança com o PSD. Moreira foi bastante incisivo na entrevista radiofônica. E até agora, nada.