Os sorrisos e a conversa eram sobre a gravata do deputado federal Esperidião Amin (PP). Mas o entrosamento dele com o senador Paulo Bauer (PSDB) e o governador Raimundo Colombo (PSD), semana passada, não passou despercebido. O encontro aconteceu durante a posse de Victor Kochella, novo presidente da Associação Joinville das Micros e Pequenas Empresas (Ajorpeme), em Joinville.
Entre o público, estavam presentes os também deputados Marco Tebaldi (PSDB), Jorginho Mello (PR) e o prefeito Udo Döhler (PMDB), que, embora tenha ensaiado, a cada dia parece mais distante de um possível embate eleitoral neste ano.
Inevitavelmente, ficou no ar a impressão de uma nova Tríplice Aliança para a eleição de outubro. Exatamente a chapa que Jorge Bonhausen tem articulado: Bauer ao governo com Amin e Colombo ao Senado.
Sem controle
O detalhe pragmático desta costura é que nenhum dos três, que hoje são os principais eleitores de Santa Catarina, controla seus próprios partidos. O PSD, de Colombo, está sob a influência de Gelson Merisio. O PSDB, de Bauer, é comandado por Marcos Vieira; e o Progressistas, de Esperidião Amin, por deputados e prefeitos inclinados a apoiar Merisio ao governo este ano.
Xadrez
Enquanto Merisio aproximou-se do PP, não de Esperidião Amin, tirando, inclusive, uma moção com intenções de coligação entre os progressistas e os pessedistas, ano passado, e pode acabar avaliando a composição com o PSDB; Paulo Bauer está em cima do muro, mas Marcos Vieira claramente prefere acertar-se com o MDB, mesma inclinação de Raimundo Colombo.
Histórico
Esperidião Amin já foi governador por dois mandatos; Raimundo Colombo está saindo do segundo mandato e Bauer já foi vice-governador. Na segunda gestão do próprio Amin.
Trama
Crescem as especulações, nos bastidores, dando conta de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso costura um acordão para livrar Lula da Silva da cadeia. Em troca, o petista não disputaria o pleito deste ano, o que aumentaria sobremaneira as chances de o tucanato voltar ao poder. Ou de não fazer vexame em outubro.
Pivô
O pivô da costura, espúria, registre-se, é o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Ele e FHC conversaram longamente no início de fevereiro.
Milhões
A chegada do ex-presidente do STF, Sepúlveda Pertence, ao grupo de advogados que defende Lula da Silva emite vários sinais. Tanto no sentido de que o acordão desejado por FHC possa prosperar, quanto no sentido de que o ex-presidente passa a ter alguma chance de se livrar da cadeia no próprio STF. Agora, a pergunta que não quer calar: de onde vem o dinheiro para pagar Pertence? É um dos advogados mais caros do país e não atuaria em um caso desses por menos de dezenas de milhões de reais.
Vergonha
Se o acordão, espúrio, proposto por FHC prosperar, o ex-presidente tucano tentará influenciar os ministros do STF indicados por ele para que aliviem a barra do condenado Lula. Desde que Haddad apresente garantias de que o ex-líder sindical não terá sua foto nas urnas eletrônicas. Vergonhoso sob todos os aspectos.
Trânsito
Sepúlveda Pertence, o milionário advogado do petista, tem trânsito livre no STF. Foi um dos que indicou Cármen Lúcia, agora presidente, à corte. Ela foi nomeada pelo próprio Lula, em 2006. Não bastasse tamanha proximidade, Cármen e Pertence ainda são primos!