A equipe da área econômica do governador em exercício, Eduardo Moreira, liderada pelo secretário Paulo Eli, está debruçada na busca de caminhos para cobrir um déficit de R$ 3 bilhões, projetado para este ano. Em 31 de dezembro deste ano, o governo precisa fechar as contas, pois se encerra um ciclo de quatro anos de gestão.
No Centro Administrativo, avalia-se a venda de ativos públicos considerados atrativos para o mercado, como os do BRDE, que podem ser ofertadas ao BNDES em troca do abatimento de parcelas da dívida. A parte catarinense do banco sulista valeria algo em torno de R$ 1,4 bilhão.
Os Portos de São Francisco do Sul e Imbituba, hoje administrados pelo Estado, também podem ser colocados à venda. Segundo Paulo Eli, os dois terminais despertam interesse na iniciativa privada. Por fim, também se cogita vender imóveis do governo estadual. Depois da União, o Estado é o segundo maior proprietário de imóveis de Santa Catarina.
O papel de Moreira
Eduardo Pinho Moreira vai ter papel estratégico no futuro político do prefeito de Joinville, Udo Döhler. Ele tem prazo para renunciar, ou não, à prefeitura, habilitando-se a disputar o governo do Estado, até 7 de abril.
Se Moreira mantiver a pré-candidatura, Udo vai completar o mandato. É muito pouco provável que o joinvilense deixe a prefeitura para ser candidato ao Senado. Será que a cidade aceitaria? O vice de Udo é um homem correto, íntegro, mas também um ilustre desconhecido do mundo político e empresarial.
Manda Brasa
Por outro lado, se o governador em exercício fechar com Udo Döhler, o prefeito deixa o cargo e vem para a disputa. Primeiro internamente, nas hostes do MDB, onde o apoio de Moreira também traria para o grupo os ex-governadores Casildo Maldaner e Paulo Afonso Vieira.
Disputa interna
Um cenário no qual o joinvilense teria chances de vitória contra Mauro Mariani, apoiado por Dário Berger. Seria uma disputa equilibrada. Porque depois da renúncia de Raimundo Colombo, Eduardo Moreira passará a ser governador de fato e de direito, tendo à sua disposição a portentosa máquina estadual. Também porque o líder emedebista foi presidente do partido por 10 anos. Outro ponto positivo é a simpatia da bancada estadual a Eduardo Moreira, força que seria transferida para Udo.
Mudança de eixo
A chegada do prefeito-empresário também enfraqueceria muito o nome do próprio Mariani dentro do partido. No contexto das coligações, também desidrataria as pretensões de Paulo Bauer de encabeçar uma chapa em caso de aliança com o Manda Brasa.
PSDB
Essa engenharia, com Udo candidato, poderia até mesmo levar Bauer a aceitar novamente a condição de candidato à Câmara Alta. Mas o PSDB tem a possibilidade de chapa pura. Com o próprio Bauer na cabeça ou mesmo lançando Napoleão Bernardes. Seria o fato novo.
Aliança
Além de prefeito reeleito da terceira maior cidade catarinense, Napoleão Bernardes é jovem e carismático. Poderia fazer o contraponto a Udo, também fato novo, mas mais velho, embora de perfil empresarial e de fora do contexto da política tradicional. Outra possibilidade: Udo na cabeça, Bauer e Mariani ao Senado, com Napoleão Bernardes de vice. De qualquer forma, se o prefeito de Joinville entrar no jogo, muda o cenário em Santa Catarina.