Projeto piloto prevê a modernização do Sistema de Inspeção Federal (SIF). A intenção da Embrapa Suínos e Aves e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é aumentar a eficiência na identificação de riscos de contaminação na carne suína. Frigoríficos de Santa Catarina e Minas Gerais serão os primeiros a testar o novo projeto. Nesta sexta-feira (9) o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e o secretário da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, Moacir Sopelsa, visitaram a planta da BRF de Concórdia onde o projeto está sendo desenvolvido.
No frigorífico catarinense estão sendo realizados testes-piloto do novo modelo de inspeção, que identifica eventuais riscos de contaminação da carne por microrganismos na suinocultura industrial. O controle é feito nas etapas ante e post morten dos animais. Uma das mudanças em estudo é separar determinadas partes para inspeção em salas específicas.
“Eu gostei muito do que vi. Estamos no início de um processo de mudanças que trará economia para as empresas, mais tranquilidade e mais segurança para o consumidor, não só para o consumidor brasileiro, mas também para o estrangeiro”, disse o ministro.
Segundo o secretário de Estado da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, Moacir Sopelsa, o projeto piloto da Embrapa Suínos e Aves traz uma visão mais moderna para a inspeção de produtos de origem animal. “Em Concórdia o ministro pôde conhecer melhor o trabalho feito em prol da suinocultura e da avicultura, sendo que muitas dessas ações passam pela Embrapa. O projeto piloto apresentado trará mais agilidade e segurança para a inspeção feita dentro das indústrias”, ressalta.
O novo modelo da Embrapa será iniciado também no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná. A indicação é que o serviço oficial mantenha no post morten um exame na linha, de linfonodos mesentéricos (inflamações no leque membranoso que liga vários órgãos a parede do corpo), com o departamento de inspeção final fazendo as verificações amostrais dos procedimentos e decisões realizados pela agroindústria. Também devem ser realizadas, pelo veterinário oficial, a verificação de processos de higiene e certificação de lotes. “As alterações que estão sendo propostas nos procedimentos estão baseadas em conhecimento científico internacional, comparado com resultados gerados no Brasil”, explica a auditora fiscal federal agropecuária do Dipoa, Elenita Ruttscheidt Albuquerque.
Saúde pública
O objetivo de mudança da inspeção está ligado à exigência de manter a saúde pública e a qualidade da carne produzida no Brasil, detectando na linha de abate os possíveis perigos.
A primeira fase do projeto se concentrou no levantamento dos dados do Brasil sobre o abate fiscalizado pela inspeção federal. De acordo com Jalusa Kich, foram analisados dados de 100% dos abatedouros com SIF. “Reunimos as informações, analisamos e podemos dizer que conseguimos uma fotografia do abate do SIF, completou”. Os estabelecimentos com SIF, representam 86% do abate nacional de suínos, criados em sistema tecnificado, confinado e sob controle veterinário.
Avicultura
Em paralelo, pesquisadores trabalham na avaliação de risco de contaminantes da avicultura, incluindo as análises laboratoriais. A expectativa é estender os testes aos estabelecimentos no próximo ano. Entre os patógenos a Salmonella será alvo específico de um programa nacional de redução desses microorganismo, que entrará em vigor para todos os estabelecimentos com Selo de Inspeção Federal (SIF) por meio de instrução normativa do Mapa.
Operação Carne Fraca
Como não poderia deixar de ser, um dos assuntos da passagem do ministro por Santa Catarina foi a terceira fase da Operação Carne Fraca. O secretário da Agricultura, Moacir Sopelsa defende as investigações, mas não concorda com a maneira com que os fatos foram divulgados. “Nós damos todo apoio às investigações, porém a forma como isso vem à tona traz um prejuízo enorme ao nosso estado, nossos produtores e indústrias. Um fato isolado não pode colocar em dúvida um trabalho feito há mais de 80 anos pelo Governo do Estado, técnicos, produtores e agroindústrias. Em Santa Catarina foram dois problemas pontuais, em uma fábrica de ração e um laboratório, e isso não pode refletir em uma cadeia produtiva importante e profissional”.
Sopelsa afirma ainda que países importadores de carnes já questionaram a qualidade do sistema de inspeção brasileiro. “É um prejuízo enorme para nossos produtores e nossas agroindústrias. O Brasil tem um sistema seguro e de qualidade. As questões investigadas são pontuais e não mostram a realidade da cadeia produtiva de carnes do país”, defende.