Blog do Prisco
Coluna do dia

Tempo precioso

Até domingo, quando Michel Temer anunciou o atendimento de todas as reivindicações dos caminhoneiros, a condução extremamente cautelosa do governo do Estado e demais Poderes sobre o movimento, revelou-se adequada. Estavam todos pisando em ovos, Executivo, Judiciário, Ministério Público e o Legislativo.

Afinal, a manifestação estava merecendo apoio popular, legitimada pelas ruas.

Agora, a partir de segunda-feira, quando foram publicadas no Diário Oficial as Portarias do governo atendendo tudo o que foi pedido pelos trabalhadores do transporte, os Poderes necessariamente teriam que ter se articulado. Demoraram dois dias para isso. Na segunda à noite, a valorosa Polícia Militar foi acionada para desbloquear o acesso ao terminal de distribuição de combustíveis da Petrobras em Biguaçu. Meia dúzia de baderneiros (que nada tem a ver com os caminhoneiros) colocaram carcaças de automóveis para impedir o ir e vir de caminhões no local.

O problema maior é que as autoridades estaduais levaram quase 24 horas para entrar em campo no diapasão correto. Foram horas preciosas, que agravaram o abismo e geraram ainda mais prejuízo esse que poderia ter sido evitado.

 

Colapso

O Ministério Público e o Judiciário, com ações nas suas alças de competência, também saíram da inércia. Imperativo frisar que a iniciativa de todo esse processo de retomada da normalidade para salvar a produção e a economia catarinense como um tudo, foi da Assembleia Legislativa.

Por iniciativa de dois deputados. Natalino Lázare, no âmbito da Comissão de Agricultura; e Milton Hobus, na mobilização de líderes.

 

Desemprego

Mesmo que todos os caminhoneiros voltem a trabalhar normalmente nas próximas horas, a Fiesc fez um levantamento apontando que 13% das indústrias, diante dos enormes prejuízos já registrados, vão demitir funcionários.

 

Lentidão

Lentamente, setores do agronegócio voltaram a funcionar ontem. Mas ainda não há previsão de quando os funcionários que entraram em férias coletivas serão chamados para o trabalho.

 

Insuportável

Continuar assistindo inerte ao desabastecimento nas gôndolas dos supermercados, leite sendo jogado no lixo, frangos e suínos sendo sacrificados. As autoridades precisam manter pulso agora para que a economia entre definitivamente nos trilhos.

 

Na mira

Nova operação da Polícia Federal foi deflagrada na manhã de ontem. Batizada de Registro Espúrio, ela levou ao cumprimento de 64 mandatos de busca e apreensão, 8 mandados de prisão preventiva (sem prazo determinado) e 15 mandados de prisão temporária (de até cinco dias). A PF investiga uma organização criminosa que agiria para fraudar concessões de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho. Um dos citados pelo PF como suposto envolvido no esquema é o senador catarinense Dalirio Beber (PSDB).  Ele nega as acusações.

 

Deputados

Também entraram na mira da Federal o ex-deputado Roberto Jefferson, os deputados Paulinho da Força, Wilson Filho e Ademir Camilo Rodrigues, o senador Cidinho Santos (além de Dalirio) e dois sobrinhos do deputado federal Jovair Arantes. O esquema fraudulento teria começado a funcionar há um ano. Os crimes investigados são organização criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

 

NOTA OFICIAL

Dalirio Beber colocou-se “inteiramente à disposição da Justiça.” Em nota oficial, declarou estar “absolutamente tranquilo e ciente da minha inocência, por não ter cometido nenhum ato ilícito.” E segue. “Espero que rapidamente a verdade seja restabelecida.”