Que o governo Michel Temer acabou, todo mundo já sabia. A novidade neste encerramento de semana é que além de ser um cadáver insepulto, Michel Temer dá mostras definitivas de que está assessorado por uma equipe que só faz bater-cabeça. Na Esplanada dos Ministérios, estão mais perdidos do que cego em tiroteio.
Intervenção
Senão, vejamos. O governo fez um acordo com os caminhoneiros para encerrar a paralisação que paralisou o país. Assumiu o compromisso de tabelar o preço do frete. Anunciado o tabelamento, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que defende os interesses do agronegócio, reagiu veementemente. O empresariado defende a lei do livro mercado, da autorregulação baseada na oferta e na procura. Sem intervencionismos do poder público.
Desfritar o ovo
Apesar de pressionado, o Planalto anunciou, quinta-feira, o tabelamento e a redução de 20% no preço mínimo do frete. Para tentar agradar as empresas. Só que as associações de caminhoneiros protestaram e amaçaram com nova paralisação. E já na madrugada de sexta, o governo anulou o decreto com a redução dos 20%. Ou seja, o Planalto está conseguindo desagradar gregos e troianos. É o caos completo.
Crise aprofunda
Enquanto o governo bate-cabeça, o movimento dos caminhoneiros afugentou investidores internacionais. A bolsa despenca e o dólar explode. O valor da moeda americana só não foi parar na lua porque o Banco Central entrou em campo para tentar segurar essa onda perigosíssima. O BC apresentou R$ 20 bilhões de dólares para acalmar o mercado. O valor pode até chegar a R$ 100 bilhões nos próximos dias. Na sexta-feira, a moeda americana deu uma recuada, mas ainda assim segue pressionando o real.
Conjunção de fatores
Tudo isso acontecendo e a campanha eleitoral chegando. E chegando num cenário de incerteza, influenciando ainda mais a economia. Negativamente. O momento é delicadíssimo por tudo isso e também porque a inflação mostra apetite para aumentar, e o emprego, para cair!