O atual modelo agrícola predominante – baseado na produção de alimentos em larga escala – estabelece novos desafios para o agricultor, que tira da terra o seu sustento e quer se manter na propriedade e fazer sucessão familiar. A permanência no meio rural exige constantes esforços, seja na busca de conhecimento ou pela necessidade de investir.
De um lado, na agricultura de larga escala, totalmente mecanizada, temos a garantia da balança comercial com U$ 96 bilhões de superávit. Do outro, na agricultura familiar, temos o desafio de diversificar e agregar valor, para gerar renda e manter o sucessor do agricultor na propriedade.
A relação do homem com o campo mudou, a terra passou a ser um negócio regido pelas lógicas instáveis de mercado que estabelecem grandes desafios. O produtor rural se depara com a necessidade de fazer frequentes investimentos, de se dedicar a técnica e pesquisa para produzir com qualidade e garantir a entrada e permanência no mercado.
Hoje apenas 15% dos brasileiros estão no meio rural e estes são responsáveis por alimentar toda população, há 50 anos esta situação era inversa com maior ocupação do campo. Esta relação aparentemente vantajosa pelos parâmetros de consumo não traz retorno lucrativo ao agricultor, que produz, mas recebe uma das menores fatias do bolo e depende de vários fatores, entre eles as condições climáticas.
A agricultura do presente e futuro está conectada às novas tecnologias, empregadas em equipamentos, com novidades em infraestrutura, insumos, assistência técnica e pesquisa. O homem do campo também destina sua energia a produzir mais com maior qualidade, levando em consideração as exigências de sanidade e segurança alimentar. A preocupação com a preservação ambiental também está muito presente.
Os problemas da agricultura brasileira não estão dentro da porteira, mas fora dela. Nossos agricultores estão entre os melhores do mundo, sabem o que devem fazer, mas encontram dificuldades enormes com a inexistência de uma política agrícola, se deparam com o custo de produção altíssimo, grande burocracia e logística ruim. Todos estes fatores impedem competitividade no mercado interno e externo.
O agricultor precisa ter renda e ser valorizado. Para conseguir a sucessão familiar precisamos avançar. Primeiro temos que garantir o direito da propriedade para ter incentivo e investir na atividade, fazendo a regularização ambiental e fundiária. Já avançamos muito com o Novo Código Florestal; com a Lei 13.465/2017, que define novas regras para a regularização fundiária rural e urbana; com a Lei 13.288/2016, que trata dos contratos de integração entre produtores integrados e agroindústrias; e com outras iniciativas que buscam regulamentar o espaço rural e trazer mais segurança.
Como técnico dentro da política, estou trabalhando para tentar diminuir as dificuldades fora da porteira. Para melhorar a vida do agricultor e evitar o êxodo rural estamos dando atenção a questão de impostos, logística, acesso às propriedades, meio ambiente, além da conexão com a internet, acesso a novas tecnologias e energia elétrica de qualidade (trifásica). Procuro, em todas as minhas ações, fazer com que o homem do campo seja valorizado. Defender a agricultura é minha grande convicção. Afinal, se o agricultor não planta a gente não almoça, nem janta!
Valdir Colatto, Eng. Agrônomo e deputado federal MDB/SC