As compras públicas mundiais representam cerca de 12% do PIB dos países, informou o gerente de negociações internacionais da CNI, durante reunião na FIESC em que também foi apresentado um panorama das maiores negociações brasileiras em curso
O mercado de compras públicas no mundo pode chegar a US$ 9 trilhões (em média 12% do PIB dos países) e oferece grandes oportunidades para a indústria, informou o gerente de negociações internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Fabrizio Panzini, durante reunião promovida pela Câmara de Comércio Exterior da FIESC, nesta quarta-feira (7), em Florianópolis. Entre os países que se destacam nas compras governamentais estão os Estados Unidos (US$ 1,68 trilhão), União Europeia (US$ 1,6 trilhão), Japão (US$ 393 bilhões), Canadá (US$ 198 bilhões) e Brasil (US$ 157,4 bilhões).
Os acordos de compras governamentais são aquisições de bens ou serviços por órgãos estatais, estabelecem regras previsíveis de comércio e trazem compromissos de abertura de mercado. Empresas interessadas podem conhecer detalhes no Manual criado pela CNI sobre o tema e que mostra quais países o Brasil negociou ou está negociando acordos com foco em compras públicas.
Panzini também apresentou um panorama dos sete principais acordos comerciais internacionais que o Brasil está à frente e destacou que além dos temas tradicionais negociados, como tarifas, regras de origem e regulamentos sanitários e fitossanitários, novos assuntos têm sido incorporados, como as compras governamentais, aduana e facilitação de comércio, desenvolvimento sustentável e e-commerce.
“O acompanhamento dos acordos comerciais é importante para a indústria e tem que fazer parte do dia a dia das organizações. Para quem trabalha na área internacional, os acordos são um meio de conseguir fazer importação e exportação de maneira apropriada, visando aproveitar ao máximo todas a possibilidades que os acordos oferecem”, afirmou a presidente da Câmara, Maria Teresa Bustamante.
Atualmente, os países com os quais o Brasil têm acordo representam um acesso preferencial a 8% das importações mundiais. O Japão tem 17%, Estados Unidos 24%, União Europeia 45%, México 57% e Chile 83%. Panzini ressaltou que cada país tem sua estratégia para aumentar o acesso e precisa levar em conta sua estrutura interna. Mas, no caso do Brasil, ele acredita que a estratégia se assemelha a dos Estados Unidos, que têm muita exportação de produtos do agronegócio e da própria indústria.
Em relação às maiores negociações do Brasil, Panzini destacou o México, que está estagnada, e com o Canadá, com previsão para dezembro a realização de troca de ofertas (situação em os países mostram a lista de produtos com redução ou eliminação da tarifa de importação). As negociações com a Coreia do Sul e Singapura foram lançadas neste ano e estão em fase embrionária. Também há um acordo sobre compras governamentais em andamento com a Colômbia, está sendo ampliado o acordo do Brasil com o Chile, com previsão de ser celebrado ainda em 2018, e já foi assinado um acordo de compras públicas com o Mercosul. Em relação ao acordo Mercosul-União Europeia, está prevista nova reunião em breve, em Bruxelas, com sinalização para fechamento.
“O fato é que um pouco mais de acesso preferencial precisamos ter, seja para importação ou exportação. O momento é fundamental para aumentar a nossa consciência em relação a benefícios e riscos dos acordos de livre comércio. Passamos por um momento em que a integração do Brasil à economia mundial é cada vez mais importante para a recuperação da competitividade industrial. Não é a única ação, mas é uma das mais importantes”, concluiu Fabrizio.