Blog do Prisco
Coluna do dia

Senado em jogo

Para além do processo transitório no governo do Estado, as expectativas do universo político catarinense estarão voltadas, nesta semana que se inicia, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A corte deve julgar, na terça ou na quinta-feira, o processo que pede a impugnação da chapa do senador eleito Jorginho Mello (PR). Segundo a acusação, o segundo suplente de Mello, Beto Martins, ex-prefeito de Imbituba por dois mandatos, teria se filiado ao PSDB fora do prazo legal.

O tucano alega que está tudo dentro da legalidade. Usa publicações de jornais e blogs como suposta prova de que teria cumprido os prazos para retornar ao ninho depois de uma passagem pelo PP.

E aí começam as filigranas jurídicas. Na semana passada, o ministro Admar Gonzaga (advogado que compõe o TSE), relatou e levou a julgamento caso semelhante. Foi de um candidato do Espírito Santo, que conseguiu se eleger. O magistrado considerou válida como prova de filiação dentro do prazo uma troca de e-mail entre o postulante eleitoral e a direção partidária. No plenário, depois do relato favorável do ministro, a chapa do candidato eleito venceu por 5 a 2. Admar Gonzaga também é o relator do processo que envolve a disputa catarinense.

 

Fôlego

O resultado do Espírito Santo renovou as esperanças de Jorginho Mello. Pessoas ligada a Lucas Esmeraldino, que entrou com o pedido de impugnação de Mello, também estão confiantes. Citam um caso recente no Rio de Janeiro. E que também se assemelha ao imbróglio de SC. No caso fluminense,  o TSE considerou extemporânea a filiação do vencedor nas urnas e cassou a chapa por 7 a 0.

 

Variáveis

Lucas Esmeraldino joga com a possibilidade de impugnação de toda a chapa de Jorginho Mello, do PR,  e a ascensão do terceiro colocado. O candidato do PSL ficou apenas 18 mil votos atrás do republicano. E alega que Beto Martins pode ter somado, no mínimo, 200 mil votos na chapa encabeçada por Mello.

Em caso de impugnação do titular e dos dois suplentes também poderá haver nova eleição para a segunda vaga de senador em Santa Catarina, como opção.

 

Salomômica

Não se descarta a possibilidade de os ministros do TSE apresentarem uma saída salomônica ao distinto público, cassando apenas o segundo suplente Beto Martins. Jorginho Mello ficaria somente com a primeira suplente, Ivete Appel da Silveira. Ao fim e ao cabo, o tribunal pode simplesmente rejeitar a peça e manter intacta a chapa de Mello.

 

Estilo mineiro

Pessoas com trânsito nas cúpulas do TSE e do STJ e que já leram o memorial (resumo de processos com resultado a favor do que é pleiteado) da peça protocolada em nomes de Lucas Esmeraldino, elogiaram a fundamentação e as argumentações. É da lavra de uma advogada de Minas Gerais.

 

Silêncio absoluto

Jorginho Mello continua mergulhado. Não se manifesta e está evitando circular publicamente. Trabalha e articula freneticamente nos bastidores.

 

Origens

O ministro Admar Gonzaga Neto é do Rio de Janeiro, mas vem de uma família de catarinenses. Seu avô, Admar Gonzaga, foi um grande empresário da Capital. Ele revolucionou o ramo imobiliário do Estado. Especialmente nos anos 1960 e 1970. Neto tem como colega na máxima corte eleitoral um manezinho, o ministro Jorge Mussi. Ou seja, dos sete ministros do TSE, dois têm a mesma origem: Florianópolis.