Hoje se inicia mais uma semana com a pauta dominante em SC durante todo mês de agosto: o aumento de ICMS para defensivos agrícolas. O governo descumpriu a palavra, pegou todo mundo de surpresa e estabeleceu uma alíquota de 17% para químicos que eram isentos de tributação a partir do dia 1º. O tom das reações só vem aumentando, paralelemente ao desgaste brutal debitado exclusivamente na conta de Moisés da Silva.
Nos bastidores, movimentos dos últimos dias indicam que o governador finalmente estaria disposto a receber os segmentos produtivos e, quiçá, negociar. Quem sabe até a reavaliar a descabida decisão.
Até aqui, contudo, neste episódio, ele deixou claro que escolheu a rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro no aspecto da formulação política, do posicionamento ideológico e até mesmo na definição de prioridades da gestão. Enquanto no plano nacional o chefe da nação liberou mais de 300 defensivos agrícolas para uso no campo, na província Barriga-Verde o governador considera os químicos como “veneno”. Além de declarar que a isenção de ICMS para estes produtos é “uma excrescência”.
Alvo
Moisés da Silva foi além. Em sua já antológica entrevista à Folha de S. Paulo, o chefe do Executivo catarinense teceu críticas ao presidente da República, até mais contundentes do que as alfinetadas que deu quando, em junho, falou ao Estado de S. Paulo.
Mágoa?
Não custa lembrar que Jair Bolsonaro não queria a candidatura de Moisés. O hoje presidente chegou a dizer isso publicamente ao então desconhecido coronel aposentado dos Bombeiros. Foi durante a campanha eleitoral do ano passado.
Frieza
De lá para cá e depois das posses de ambos, a convivência entre os dois é até harmoniosa, mas também é fria, protocolar. Se o catarinense seguir nessa toda de críticas públicas ao presidente, que não tem papas na línguas, daqui a pouco Jair Bolsonaro pode dar um tirambaço público e político em Moisés da Silva.
Esquerda, volver
Eleito com apoio de setores consideráveis do centro e da direita do espectro político, o governador, estranhamente, começa se aproximar de uma linha de centro e até mesmo esquerdista.
Ao fim e ao cabo, não está dando para entender bem a concepção, a formulação política de Moises da Silva.