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Manchete

Moisés corrige rotas de atuação

Moisés da Silva protagonizou dois recuos estratégicos nesta semana que se encerra. Na seara administrativa, aceitou estender até o fim do ano a isenção da cobrança de ICMS para insumos (incluindo-se defensivos) agrícolas. Por decreto, o governador havia determinado que a alíquota saísse de 0% para 17%, um salto inaceitável e inimaginável.

No campo político, o chefe do Executivo estadual puxou o freio de arrumação em relação ao pedido de expulsão de dois deputados estaduais do seu partido, o PSL.

Fez muito bem, Moisés da Silva. Importante é praticar o gesto, é demonstrar humildade e reconhecer os erros. Infalível, somente Deus.

Num intervalo de três semanas de agosto, Moisés da Silva cometeu três deslizes indiscutíveis. Taxar com ICMS insumos agrícolas para, na sequência, desferir críticas, via imprensa nacional, na direção de Jair Bolsonaro (o que já havia ocorrido em junho). Um erro crasso do governador, afinal de contas Carlos Moisés da Silva foi eleito surfando a onda Bolsonaro, a onda do 17. Por fim, o mandatário estadual errou ao pedir a expulsão sumária dos deputados estaduais Jessé Lopes e Ana Caroline Campagnolo.

Meia volta

No frigir dos ovos, o govenador deve ter percebido que avançou o sinal e entendeu que era hora de recuar e, quiçá, de reavaliar todo o quadro administrativo-político que o cerca.

Largou bem

Moisés da Silva vinha bem no primeiro semestre, estreando como mandatário e gestor. Aqui e ali pode ter cometido algum equívoco pontual, conceitual, mas nada que se compare às últimas três semanas. Recusando-se a dialogar, criou uma situação onde foi colocada em xeque a credibilidade dos produtos do agronegócio de Santa Catarina.

Fiador

Ele, como maior mandatário do estado, é, também, o maior responsável por esses produtos. Quando sentou com líderes do setor, o governador acertou o passo. Era isso que faltava. Se Moisés da Silva tivesse aceitado sentar para conversar lá atrás, teria evitado este desgaste brutal. E não teria vulnerabilizado parcela significativa do setor produtivo catarinense. Tudo isso criou animosidade contra ele mesmo, tanto nas redes sociais como no sociedade, nos segmentos organizados e produtivos.

 Exércitos digitais

Relativamente aos dois deputados, somando-se os seguidores de Jessé e Ana Campagnolo nas redes sociais tem-se o astronômico número de 500 mil contas seguindo os dois. Um contingente que foi potencializado pelos petardos que Moisés da Silva disparou na direção de Jair Bolsonaro, levando influenciadores digitais a assumirem o contra-ataque na direção do governador do estado.

Reflexão

Moisés da Silva estabeleceu um contexto amplamente desfavorável para si mesmo. Que não é definitivo, obviamente, mas é preciso um realinhamento e novos posicionamentos do governador. É o que se espera para que Santa Catarina avance, pois sob o aspecto do crescimento da arrecadação, o estado vem respondendo muito bem. Que o governador possa refletir e aprender com os erros.

Tripé

Moisés da Silva também recuou da decisão de taxar os insumos agrícolas pois a Assembleia Legislativa iria sustar os atos governamentais. Isso seria uma derrota desmoralizante para o governador. No Parlamento estadual, três deputados tiveram papel destacado nesse processo delicado e que deixou feridas que só o tempo e novas posturas irão curar: Júlio Garcia, presidente da Casa, Milton Hobus e Marcos Vieira.

 

 

 

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