Blog do Prisco
Coluna do dia

Bronca doméstica

O janeiro frenético na política catarinense ainda não terminou. Após o desentendimento público do governador e da vice, do pedido de impeachment de Moisés da Silva – cuja defesa o palácio encaminhara à Alesc nesta segunda-feira – esta próxima semana ainda terá como um dos principais focos a mobilização dos militares ligados à Aprasc (Associação dos Praças de Santa Catarina).
A entidade está convocando ato público, marcado para o dia 30, visando a cobrar a reposição inflacionária dos últimos seis anos aos vencimentos. O rombo nos contracheques de policiais e bombeiros chega a 37%.
Tudo bem que Moisés da Silva tem pouco mais de um ano de governo, mas isso não o isenta da responsabilidade de buscar o diálogo e a resolução desta falha grave em relação ao sistema de segurança estadual.
As lideranças do movimento, puxado pelo presidente da Aprasc, João Carlos Pawlick, já deram várias declarações de que a “paciência acabou.” Até porque, a gestão atual emitiu sinais de que a resolução na defasagem nos vencimentos dos praças seria prioridade. Até agora, contudo, nada de concreto foi feito.

Identificação

Toda essa situação tem ainda um outro aspecto: trata-se de um problema doméstico para Moisés da Silva, que é coronel da reserva do Corpo de Bombeiros.

Missão espinhosa

No inicio do ano, o governador deu posse ao novo coordenador do Colegiado Superior de Segurança Pública, delegado Paulo Koerich, que também é o delegado-geral de Polícia. Sem entrar no mérito das habilidades políticas e da competência, reconhecida, de Koerich, mas isso significa que um policial civil está no centro das negociações com os militares. Eles já tiveram uma conversa e o tom dos líderes da Aprasc foi duro.

Perfil

Em 2019, o comando da segurança em Santa Catarina esteve a cargo de um policial militar, o coronel Araújo Gomes, que segue como comandante-geral da PMSC.

Data

No dia 30, a Aprasc está se mobiliando para promover um grande ato público. Será na seda da Associação Catarinense de Medicina, na SC-401, local quase que vizinho da sede administrativa do governo catarinense.

FRASE

“Atrás de cada farda, tem um pai de família, que tem que honrar seus compromissos no fim do mês. O impacto da defasagem tem interferido na prestação dos serviços.” João Carlos Pawlick, presidente da Aprasc.

Advertência

A Aprasc é a maior entidade brasileira de representação no contexto das Polícias Militares. Em São Paulo, há várias entidades, pulverizando seus potenciais. A entidade estadual reúne 15 mil policiais e bombeiros. Não é uma associação qualquer. Em seu seio, a indignação chegou ao limite. Todo mundo sabe que os militares, quando ingressam na carreira, já ficam cientes de que não podem fazer greves. A disciplina é rígida e o descumprimento pode acabar em prisão e até em demissão por justa causa. Nada impede, no entanto, suas mulheres e familiares de tomarem o asfalto. Os próprios praças podem, ainda, deflagrar a chamada operação padrão, só executando os serviços estritamente necessários.

Turbilhão

No meio disso tudo, o MPF está finalizando a lista de denunciados no âmbito da Operação Alcatraz, que tem potencial para dar uma bela sacudida na política estadual. Por fim, a Assembleia Legislativa retoma os trabalhos no começo de fevereiro, tendo como pauta prioritária, complexa e polêmica a Reforma da Previdência. Bem-vindos a 2020 em SC!